segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Boiadeiro, agora no pasto

Foi no grande Cruzeiro, do início da década de 90, que o meio-campista Marco Antônio Boiadeiro atingiu o auge da carreira. E a recompensa foi a convocação à Seleção Brasileira do técnico Carlos Alberto Parreira em 1993, para o Torneio US Cup nos EUA e Copa América no Equador. Boiadeiro atingiu a quinta partida no selecionado contra a Argentina jamais imaginando que o mundo desabaria sobre ele, na semifinal. É que na definição através de pênaltis, após empate em 1 a 1 no tempo normal, desperdiçou uma cobrança e o Brasil voltou para casa, enquanto a Argentina foi campeã com a vitória na final sobre o México, por 2 a 1.
Hoje, com 43 anos de idade, completados em 13 de junho passado, Boiadeiro conta essa e muitas outras histórias registradas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais aos novos amigos de Monte Aprazível, cidade paulista onde está radicado, e faz uma das coisas que mais gosta: cuidar de gado. Ali tem tempo de sobra para soltar a voz em músicas sertanejas. Na década de 80, a dupla Chitãozinho e Xororó testemunhou seu ritmo afinado quando se conheceram em Campinas.
A rigor, o apelido de Boiadeiro se justifica porque no lombo de um cavalo conduzia a boiada com eficiência nos pastos de Américo Campos, cidade paulista onde nasceu. E usava traje a caráter: bota de fivela, chapéu, calça apertada e cinturão. Foi assim que apareceu no Estádio Santa Cruz, do Botafogo de Ribeirão Preto (SP), para participar de um treino peneira, e orgulha-se de ter sido o único aprovado de uma leva de 39 garotos, em meados da década de 80.
Começava ali uma trajetória vitoriosa. No time principal do Botafogo juntou-se aos também novatos Raí e Peu, e ao experiente Mário Sérgio, em 1985. No ano seguinte, participou da campanha do Guarani no Campeonato Brasileiro, com perda do título na decisão através dos pênaltis, contra o São Paulo, em Campinas, após empate em 3 a 3 no tempo normal e prorrogação. E quis o destino que Boiadeiro perdesse um dos pênaltis cobrados pelo time bugrino.
No Vasco, a partir de 1989, Boiadeiro comemorou em alto estilo o primeiro título da carreira, na vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo, com gol de Sorato. O Vasco tinha um timão. Bebeto, que havia saído do Flamengo, juntou-se a Sorato, Boiadeiro, Luís Carlos Vinck, Mazinho e Bismarck, entre outros. Na ocasião, dos 71.552 pagantes, cerca de 25 mil eram vascaíno que invadiram o Estádio do Morumbi.
No Cruzeiro, desde 1991, Boiadeiro acostumou-se com títulos. Foi bicampeão da Supercopa da Libertadores da América 91/92 e campeão da Copa do Brasil em 93. No primeiro ano em Minas, sob o comando do técnico Ênio Andrade, já falecido, integrou o time formado por Paulo César Borges; Nonato, Paulão, Adilson Batista e Célio Gaúcho; Ademir, Marco Antônio Boiadeiro e Luiz Fernando (Macalé); Mário Tilico, Charles e Marquinhos. Na goleada por 3 a 0 sobre o River Plate, da Argentina, naquela final do dia 20 de novembro, o público no Estádio do Mineirão foi de 67.279 pagantes.
O desempenho no Cruzeiro refletiu em bons contratos no Flamengo, Corinthians e Atlético (MG), porém com rendimento aquém do esperado. E a fase decadente continuou no América (MG), Anápolis (GO), Rio Branco e União Barbarense, equipes do interior de São Paulo, até que em 2000 trocou a bola pela fazenda.

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