domingo, 29 de junho de 2025

Levir Culpi, técnico falante e vencedor

 Onde anda o ex-treinador Levir Culpi, que sumiu do noticiário do futebol após a última e rápida passagem pelo Cerezo Osaka do Japão, em 2021? Por sinal, ele havia decidido parar dois anos antes, ao se desligar do Atletico Mineiro. E como adora a culinária, havia optado administrar dois restaurantes especializados na comida mineira, e havia projetado um terceiro só com pratos japoneses, em Curitiba (PR), cidade em que nasceu há 72 anos.

Lá, enquanto atleta, foi zagueiros do Coritiba, Athletico Paranaense e Colocado. Em seguida acusou passagens por Botafogo (RJ), Atlanta do México e última escala foi no Juventude (RS) em 1986, com início, incontinente, a carreira de treinador, marcada por quem não tem papas na língua e fala aquilo que pensa sem medir conseqüências.

Desconsiderando a boa fase do então atacante Romário, as vésperas da Copa do Mundo de 2002, posicionou-se contrário àquela convocação no selecionado brasileiro, com alegação que estava 'velho', fato que originou repercussão negativa.

Vejam que Levir Culpi, que se gabava de ter sido zagueiro de técnica, esteve cotado para assumir a Seleção Brasileira em 2000, quando o então treinador Luiz Felipe Scolari havia rejeitado o primeiro convite da CBF (Conferação Brasileira de Futebol), aceitando-o posteriormente.

Levir ganhou fama de técnico 'pé quente' para acesso de clubes ao grupo de elite do Campeonato Brasileiro. Foi assim na Inter de Limeira (SP) em 1988, Botafogo (RJ) em 2003 e Atlético Mineiro em 2006. E isso se repetiu na primeira passagem pelo Cerezo Osaka, além do título paulista pelo São Paulo em 2000 e Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana e estadual pelo Cruzeiro no triênio a partir de 1996. Isso marcado ao rebaixamento do Palmeiras no Brasileirão de 2002.

Um dos segredos do sucesso na carreira foi a exigência para que seus comandados se aplicassem no fundamento 'passe', que julga ser fundamental no futebol. Agora, ele criou o próprio site para registrar todas as conquistas desde os tempos de jogador. Em decorrência da penetração em todo planeta, o internauta pode acessar páginas redigidas em inglês e espanhol.

Nas horas de folga, Levir diverte-se em pescarias, seu passatempo ideal. Em casa, gosta de ouvir músicas brasileiras em volume exagerado. Claro que esse comportamento irrita a esposa que reduz o volume, mas ele volta a aumentá-lo.




domingo, 22 de junho de 2025

Dez anos sem o treinador Carlinhos

 

Há dez anos, mais precisamente no dia 22 de junho, morria o saudoso treinador Luís Carlos Nunes da Silva, o Carlinhos, que nada tinha a ver com treinadores que esgoelam a beira de gramados para transmitir instruções aos jogadores de suas respectivas equipes. A voz mansa e fina dele só era ouvida, nas proximidades do banco de reservas, quando o boleiro de seu time aparecia para cobranças de laterais.

Carlinhos valorizava a preparação de seu time no pré-jogo. Por isso trabalhava incessantemente a valorização de posse de bola, no chamado exercício ‘dois toques’, com uso de apenas metade do gramado. Ele também sabia explorar pontos falhos de adversários, aplicando exaustivos ensaios de jogadas.

Carlinhos aprimorava tecnicamente seus jogadores, de forma que o desarme ocorresse sem praticar faltas. Orientava os seus marcadores que o bom posicionamento possibilitava o tempo exato para antecipação das jogadas, em vez de marcação implacável. E, de posse bola, cobrava acerto no passe.

Isso ele fazia com extrema categoria nos tempos de jogador do Flamengo de 1958 a 1969, atuando como volante. E o estilo clássico, que fazia o time jogar por música, rendeu-lhe o apelido de violino, 23 gols em 517 partidas, e o prêmio Belfort Duarte destinado a jogadores sem expulsão na carreira.

Por isso nunca escondeu a mágoa ao ter sido relegado pelo treinador Aimoré Moreira à Copa do Mundo de 1962 no Chile, quando o Brasil conquistou o bicampeonato. Considerava-se melhor que o palmeirense Zequinha - reserva de Zito - e por isso cobrava vaga entre os 22 relacionados naquela competição. A única oportunidade na Seleção Brasileira foi em 1964, num amistoso contra Portugal.

Dois anos depois, ele participou daquele Flamengo que perdeu o título carioca para o Bangu, naquela final marcada por tremenda briga, ocasião que o time base do clube era formado por Franz; Murilo, Ditão, Jaime e Paulo Henrique; Carlinhos e Nelsinho; Carlos Alberto, Almir Pernambuquinho, Silva e Osvaldo II

Após pendurar as chuteiras como atleta, não deixou de frequentar a sede da Gávea. Era viciado no baralho, com preferência pelo buraco. Assim, bastava o Flamengo enroscar em competições para que ele fosse chamado como técnico tampão. E isso se repetiu por cinco vezes a partir de 1983, tentando colocar em prática o seu estilo de futebol técnico e ofensivo.


domingo, 15 de junho de 2025

De carreira polêmica, Felipe Mello surpreende ao citar Josué e Jericó

 Nos vestiário do Palmeiras, antes da partida decisiva contra o Flamengo, válida pelo título da Libertadores de 2021, o então volante Felipe Mello fez pronunciamento fervoroso, ocasião que evocou a narrativa bíblica de Josué e as muralhas de Jericó, dissertando aos companheiros que Deus havia instruído o líder militar e religioso de Israel, junto ao seu povo, para darem seis voltas na cidade durante seis dias e, no sétimo, darem sete voltas. No final, o povo deveria gritar e as muralhas de Jericó cairiam.

E nós vamos fazer como Jericó e bradar a vitória”, gritou Felipe Mello, sobre aplausos, como se previsse a conquista do Palmeiras sobre o Flamengo, com o placar de 2 a 1, no Estádio Centenário de Montevidéu do Uruguai, em postura que surpreendeu desportistas em geral, que até então o identificavam como jogador truculento.

Felipe Mello foi um 'colecionador' de expulsões e histórico de encrencas com adversários, torcedores, treinadores - um deles Cuca nos tempos de Palmeiras -, radialistas e jornalistas como Paulo Vinícius Coelho do canal ESPN; Renato Maurício Prado, Fox Sports; e áspera discussão com Neto, apresentador e comentarista da TV Bandeirantes.

No inconveniente estilo 'chegar-chegando' nas disputas das jogadas sobravam cotoveladas, 'carrinhos perigosos' e ameaçava com dedo em riste nos rostos de adversários. Assim, as encrencas se estenderam por onde passou como Flamengo, Cruzeiro, Grêmio, Palmeiras e Fluminense - entre os brasileiros - intercalados nos europeus Mallorca, Racing de Santander e Almería da Espanha; Fiorentina, Juventus e Internazionale da Itália; além do Galatasaray da Turquia, quando cuspiu em jogador adversário, o que causou a sua expulsão.

Na maior parte da carreira ele atuou como volante, mas tem-se que reconhecer que também sabia jogar e se caracterizava como cabeceador de relativo aproveitamento nas bolas paradas ofensiva, assim como teve desempenho satisfatório como zagueiro em final de carreira, no Fluminense, com histórico recheado de títulos e direito a disputa da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, pela Seleção Brasileira.

Felipe Melo de Carvalho é natural de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, e neste 26 de junho completa 42 anos de idade. Nem bem deixou os gramados já arrumou novo emprego ligado ao futebol, agora como comentarista do grupo Globo de Televisão.


domingo, 8 de junho de 2025

Depressão antecipou o fim da carreira de Nilmar

 

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Convenhamos que na atualidade do futebol é possível contar nos dedos o atacante que tenha registro de um terço de gols nos jogos disputados, e por razões diversas. Todavia, o centroavante Nilmar Honorato da Silva, lembrado pela marcante passagem pelo Corinthians da MSI (Media Sports Investments) em 2005, teve histórico de pontaria nos arremates como poucos, pois atingiu a marca de 104 gols na carreira em 307 jogos, parte deles ainda tendo que ser substituído por incômodos nos joelhos, que resultaram em quatro cururgias.

E por que esse paranaense, que completa 41 anos de idade neste 14 de junho, encerrou a carreira aos 33 anos, quando vinculado ao Santos? Paradoxalmente, foi vitimado por um processo depressivo – por vezes não explicado -, e isso abala uma carreira de sucesso começada no Inter (RS) em 2002, e continuada em grandes clubes e até na Seleção Brasileira, como integrante do grupo que participou da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Aí, surpreendemente resulta em desfecho inesperado.

Como Nilmar 'desapareceu do mapa' depois de 2017, alguns desavisados até hão de indagar quem é ele? Pois saibam que além da velocidade, destacava-se pela habilidade na aplicação de dribles curtos e desconcertantes, aliados à frieza para o enfrentamento a goleiros adversários. Se ainda assim não se recordam dele, fixemos no Corinthians campeão brasileiro em 2005, uma conquista marcada pela parceria com a empresa MSI, que trouxe reforços importantes como ele, o argentino Carlitos Tevez, meia-atacante Roger e Gustavo Nery, entre outros. E ainda jogou no Lyan da França, Villarreal da Espanha, Al-Rayyan do Oriente Medio eEl Jaish do Catar.

Se tem coisas que a própria razão não se explica, como procurar justificativa para Nilmar ter perdido a vontade de treinar quando esteve no Al-Nasr dos Emirados Árabes Unidos em 2016? Nem ele soube exlicar. Preferiu o retorno ao seu País, e o Santos abriu-lhe as portas para sequência da carreira na temporada subsequente.

E quando imaginou a retomada da motivação, eis que a situação piorou. Sentia desgastes físicos durante treinos e isso desencadeou descontrolada depressão, que limitou o histórico dele no clube em apenas dois jogos e, consequentemente, o encerramento da carreira, com postura de ficar no anonimato e se voltar basicamente à família.


domingo, 1 de junho de 2025

Jurandir, zagueiro que assinava contratos em branco

Como apenas sexagenários recordam-se do saudoso zagueiro Jurandir de Freitas, que marcou época atuando pelo São Paulo, cabe citá-lo em diferentes situações, uma delas a raridade de um atleta com apenas quatro meses em um grande clube - como o tricolor paulista - chegar à Seleção Brasileira, levado pelo então treinador Aimoré Moreira. E foi em 1962, ano da conquista do bicampeonato mundial, na Copa disputada no Chile, embora na condição de reserva do saudoso Zózimo.

Pasmem! A recompensa à época em conquista de título de tamanha envergadura foi receber uma modesta geladeira, máquina de costura da marca Singer, 980 dólares e um modesto veículo Gordini - fora de linha -, época que, no São Paulo, fazia dupla de zaga com Belini, vindo do São Bento de Marília, com passagem intercalada pelo Corinthians em dois jogos amistosos.

Jurandir foi um zagueiro de 1,90 de estatura e, apesar dos 87 quilos, era ágil no combate direto a adversários, e por isso apelidado de 'muralha negra' pelo saudoso locutor esportivo Geraldo Jose de Almeida. Apesar disso, esse então atleta nascido na cidade de Marilia em 1940, nunca assinou bons contratos na carreira, pois topava que fossem em branco.

Assim, a permanência no São Paulo se estendeu por dez anos, com histórico de 418 partidas e conquista dos títulos paulistas de 1970/71, quando já formava dupla de zaga com o também falecido Roberto Dias, e se orgulhava de jamais ter faltado ou chegado atrasado a um treino, ocasião que sempre lembrava dos momentos difíceis do período da conclusão das obras do Estádio Cícero Pompeo de Toledo - o Morumbi - na década de 60.

Na sequência, voltou a terra natal para defender o Marilia, depois Comercial (MS), Amparo (SP) e o encerramento da carreira ocorreu em 1979 no Atlético de Mogi das Cruzes (SP), com infiltrações no joelho para entrar em campo.

Nas entrevistas lembrava da adolescência como engraxate e pedreiro, todavia não perdia a mania de provocar adversários, comportamento que o fazia bastante procurado pelos repórteres. Logo, foi estranho ter aceitado o convite para candidatura a deputado estadual no Estado de São Paulo em 1986, pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro), o antigo Partidão de extrema-esquerda, voltado a política do proletariado.