Badeco foi um volante estilo clássico e de toque refinado nos anos 60 e 70 do século passado, que herdou do pai a carreira de atleta. O erro inicial foi a escolha do primeiro clube, caso do juvenil do Corinthians. Profissionalizado, foi ter a primeira chance em 1967, pois na sua posição jogava nada menos que o consagrado Dino Sani. Logo, sem espaço no clube, no ano seguinte seguiu para o América (RJ), onde havia jogado o seu pai.
Apesar do bom desempenho na agremiação carioca, aceitou volta à capital paulista em 1973, para jogar na Portuguesa. E quis o destino que o clube montasse um dos melhores elencos de todos os tempos, culminando com a divisão do título paulista com o Santos. Divisão? Como assim? Culpa do saudoso árbitro Armando Marques, que cometeu a 'presepada' de se confundir na contagem, quando a decisão havia se prolongado às cobranças de pênaltis.
A Lusa havia errado duas vezes e, sem que o ciclo tivesse concluído, o juizão declarou o Santos como campeão. Com a controvérsia, a Federação Paulista de Futebol decidiu pela divisão do título, quando a Lusa, dirigida pelo saudoso treinador Oto Glória, tinha essa formação: Zecão; Cardoso, Pescuma, Calegari e Isidoro; Badeco, Basílio e Xaxá; Enéas (Tatá), Cabinho e Wilsinho.
Na Portuguesa, ele permaneceu até 1978. Depois passou por Comercial (MT) e Juventude (RS), quando seguidas lesões as desmotivaram a prosseguir na carreira de atleta, migrando-se à função de treinador nos juniores e como auxiliar técnico de Mário Travaglini, na Portuguesa. Paralelamente, foi diplomado na Faculdade de Direito em 1982, e preparado para se submeter ao concurso de delegado da Polícia Federal. Aprovado, e em respeito ao cargo, passou a ser identificado como Dr. Ivan Manoel de Oliveira, função que desempenhou até a aposentadoria.
Agora, como vai completa 50 anos de idade no dia 15 de março próximo, Badeco trabalha com crianças carentes e advogados recém-formados em uma cooperativa ligada à Prefeitura de São Paulo. Ele é um negro que continua engajado na luta contra o racismo, e conta história em que foi vítima de assédio moral, em 1953. Como aluno de grupo escolar em Joinville (SC), sua cidade natal, alguém soltou um 'pum', e a austera professora, de origem alemã, de costas para a sala de aula, escrevendo na lousa, o acusou sem prova, exigindo que se retirasse do local.