domingo, 29 de dezembro de 2024

Paulinho, de atleta conceituado a executivo do futebol

Se antigamente os atletas penduravam as chuteiras e ficavam a 'Deus dará', hoje parte deles já projeta o futuro, como foi o caso do meio-campista Paulinho, que atingiu o auge da carreira no Corinthians, onde se desligou no dia 28 de maio de 2024, na goleada sobre o Racing do Uruguai por 3 a 0, pela Copa Sul-Americana.

Não é por acaso que recentemente Paulinho assumiu a função de executivo de futebol do Mirassol, e vai dividir a responsabilidade de dar sustentação ao clube no Brasileirão de 2025. Ele revelou que, enquanto atleta, já estava se preparando para a nova função que exige interligação entre departamentos do clube atrelados ao futebol. E confessou que teve participação ativa na contratação do treinador Eduardo Barroca, com justificativa que Mozart Santos - que se desligou recentemente do Mirassol para ingresso no Coritiba - havia sido auxiliar de Barroca e teria aprendido muito com ele.

Descoberto pelo treinador Parraga, com características de volante que avançava até a área adversária para completar jogadas, Paulinho começou a jogar em 2006 no Audax. Dois anos depois quase desistiu da carreira, quando estava na Polônia, após passagem pela Lituana. A justificativa foi não ter se adaptado ao inverno rigoroso. Ele ainda passou por Bragantino e Coimbra de Contagem (MG) antes da chegada ao Corinthians em 2010, clube marcado por idas e vindas, como em 2013 e o recente encerramento.

Em 2015, Paulinho passou pelo futebol chinês, atuando pelo Guangzhou, até que dois anos depois chegou ao Barcelona, da Espanha, e foi parceiro do meia Messi, que o indicou aos dirigentes do clube. Lá, ele diz ter jogado de ponteiro, fechando por dentro, e alegou ter se adaptado rápidamente à nova função, após aguardar dois meses na reserva. E deixou o clube em 2020, com histórico de 49 jogos e nove gols, visto que o Guangzhou foi buscá-lo novamente.

Registro, ainda, para rápida passagem pela Arábia Saudita antes do regresso ao Corinthians, ocasião que lamentou duas lesões consecutivas - uma delas com afastamento de nove meses -, que impediram que repetisse o seu real futebol.

A rigor, ele sequer pretendia cumprir o contrato com o Corinthians até o final. Em viagem com a família para fora do País, alegou ter recebido apoio da esposa para que completasse a etapa de tratamento e assim aguardasse até atingir plena recuperação.


domingo, 22 de dezembro de 2024

Dez anos sem o naturalizado espanhol Di Stéfano

Numa retrospectiva de fim de ano de 2014, o personagem neste espaço foi o naturalizado espanhol Alfredo Di Stéfano, que havia morrido no dia sete de junho de 2014, aos 88 anos de idade, em decorrência problemas cardíacos, às véspera da Copa do Mundo no Brasil.

Indiscutivelmente ele havia sido o melhor jogador de futebol do planeta antes da aparição do saudoso 'rei' Pelé. Quis o destino que paradoxalmente esse argentino sequer disputasse uma Copa do Mundo. Quando defendia o River Plate (ARG), a partir de 1945, participou do Sul-Americano de Clubes de 1948, ocasião em que marcou quatro gols.

Um ano depois, o futebol daquele país enfrentou uma greve de jogadores que reivindicavam melhores condições de trabalho, após a pauta de negociação ter sido negada. Disso se aproveitou o Milionários da Colômbia para levá-lo, acenando com boa proposta financeira e sem necessidade de pagamento do passe, visto que a liga colombiana era amadora, e não havia como a Fifa intervir.

Lá, Di Stéfano participou de 292 partidas e marcou 267 gols. Logo, chegou ao selecionado da Colômbia, onde ficou conhecido como ‘Flecha Loira’. Por isso despertou interesse dos rivais espanhóis Barcelona e Real Madrid, que se digladiaram para contratá-lo. E naquele impasse surgiu proposta alternativa para que ambos se revezassem na vinculação do jogador a cada ano, durante um quadriênio. Houve discordância do Barcelona e assim Di Stéfano se transferiu ao Real, a partir de 1953.

Velocidade, habilidade e gols aos montes consagraram este ponta-de-lança, que não se constrangia com a fama de ‘fominha’, com a justificativa de que “o goleador tem mesmo é que ser egoísta”. Só que a Espanha não se classificou à Copa do Mundo da Suécia de 1958, e assim ele aguardou quatro anos para a competição no Chile, jamais contando que fosse se lesionar às véspera do embarque, o que provocou o corte da delegação.

Assim, restou continuar brilhando no Real Madrid até 1966, quando pendurou as chuteiras, sem contudo sair do meio. Optou por morar na Espanha e lá foi treinador de clubes e até presidente honorário do Real.

Quando atuava pelo River Plate, Di Stéfano teve que serviu ao Exército argentino. O mesmo ocorreu com Pelé que, um ano após ter sido campeão mundial em 1958 pelo Brasil, foi soldado do Grupo Motorizado da Costa da Praia Grande.

Leivinha e Alfredo Mostarda estão com Alzheimer

Dia três de dezembro passado, publicação do portal https://revistaforum.com.br chamou atenção pela revolta do lendário meia Ademir da Guia contra a direção do Palmeiras, ao citar que havia abandonado ídolos do passado do clube. Ele revelou que o atacante Leivinha e zagueiro Alfredo Mostarda são vítimas da doença de Alzheimer, e, segundo ele, ambos estão desamparados.

Alzheimer não tem cura. O Ministério da Saúde informa que nada pode ser feito para barrar o avanço da doença, que ocorre de forma lenta. O quadro clínico do paciente é dividido em quatro estágios: começa com alterações na memória e personalidade; dificuldade para falar, coordenar movimentos e insônia; incontinência urinária e dificuldade para comer; e o estágio pré-terminal e de restrição ao leito, dor à deglutição e infecções intercorrentes.

Logo, a bronca de Ademir da Guia, de certo se restringe à falta de ajuda financeira do clube ao custo de caros medicamentos. Matéria publicada pelo jornal O Globo, de março de 2023, cita que jogadores de futebol têm mais chances de desenvolver Alzheimer, reproduzindo estudo sueco publicado na revista The Lancet Public Health.

João Leiva Campos Filho, o Leivinha, natural de Novo Horizonte, de 75 anos de idade, começou no Linense, passou pela Portuguesa e se transferiu ao Palmeiras em 1971. E quem sugere que valia-se basicamente dos gols de cabeça - por ter sido exímio cabeceador -, também tinha um drible desconcertante ao bater na bola de um pé para o outro. Foi para o Atlético de Madrid (ESP) em 1975, e quatro anos depois atuou pelo São Paulo. Na Seleção Brasileira, foi relacionado à Copa do Mundo de 1974, juntamente com o zagueiro Alfredo Mostarda, de 78 anos de idade.

Mostarda integrou a 'academia palmeirense' da década de 70 do século passado e, ao se profissionalizar, foi emprestado ao Cruzeiro, Marcílio Dias (SC) e Nacional (AM), até que, no retorno, foi reserva do quarto-zagueiro Nelson em 1971. Como foi jogador estilo técnico, ganhou lugar na equipe no ano seguinte, com títulos no Paulistão e Brasileirão.

Perdeu espaço com a chegada do treinador Dino Sani e foi emprestado ao Coritiba. Meses depois, quando Dino foi pra lá, ele forçou o empréstimo ao Santos. No Palmeiras novamente, em 1978, foi vice-campeão brasileiro. E ainda jogou no Taubaté e Jorge Wilstermann, da Bolívia.


Edu Dracena, do Guarani para grandes clubes do País

A singularidade do futebol possibilita associar o início de um nome de atleta à sua cidade natal. E o exemplo em questão é do ex-zagueiro Eduardo Luís Abonízio de Souza, conhecido no meio como Edu Dracena, formado nas categorias de base do Guarani, mas na sequência intercalou passagens em grandes clubes brasileiros e até na Europa.

Dracena é um município no interior paulista e integra a microrregião de Presidente Prudente, distante cerca de 650 quilômetros da capital de São Paulo. Ele chegou ao Guarani aos 13 anos de idade, mas a estreia no profissional deu-se apenas em 1999, ocasião que começou a se destacar e acabou emprestado ao Olympiacos da Grécia em 2002, mas por lá participou de apenas dez jogos, pois não se adaptou ao país, principalmente por causa do idioma.

Aí, indicado pelo treinador Vanderlei Luxemburgo, foi contratado pelo Cruzeiro na temporada seguinte, e ali conquistou títulos e foi até convocado para defender a Seleção Brasileira. Isso até que em 2007 arriscou sair do País mais uma vez, e para o Fenerbahçe, sem que se arrependesse, pois lá ficou durante três anos.

No retorno, outra vez indicado por Luxemburgo, foi jogar no Santos, e se destacou no titulo da Libertadores de 2011, na final diante do Penãrol, do Uruguai. E sempre com atuações regulares, até a permência no clube em 2015, quando rescindiu o contrato devido à atrasos de salários, com transferência ao Corinthians. Só que ali manifestou descontentamento por falta de espaço, e assim aceitou proposta para jogar no Palmeiras, onde sagrou-se campeão brasileiro em 2016. E permaneceu no clube por três anos, quando optou pelo encerramento da carreira na goleada sobre o Goiás por 5 a 1, pelo Campeonato Brasileiro.

Edu Dracena foi eleito seis vezes o melhor zagueiro dos estaduais - três no mineiro e três no paulista. Foram seis títulos estaduais, dois Brasileirões, duas Copas do Brasil, Libertadores e Recopa Sulamericana. E ainda no Palmeiras continuou na função de assessor técnico, em contato direto com atletas e membros da comissão técnica.

Dali, em 2021, assumiu a função de diretor executivo do Santos, foi analista do canal TNT para jogos do Campeonato Paulista 2024, e atualmente é diretor técnico do Cruzeiro, depois que o clube foi transformado em SAF (Sociedade Anônima de Futebol). Em maio passado ele completou 43 anos de idade.



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