À torcida corintiana, o então volante Ezequiel
Ataliba estará sempre em alta cotação. Caiu no gosto porque atendia ao
requisito primordial: raça. Assim, chegou ao clube como reserva em 1990, para
se transformar no camisa oito, titular absoluto até 1995, com histórico de 254
jogos, dez gols e títulos dos campeonatos Brasileiro, Paulista e Copa do
Brasil.
No auge da fama, Ezequiel foi mordido por
cachorro da Polícia Militar em jogo contra a Ponte Preta, em Campinas. Pior que
isso foi ter caído numa ‘teia de aranha’ chamada mulherio e boemia. Perigosos
prazeres da noite causaram-lhe transtorno. Despedaçaram a sua condição
financeira, até porque filhos fora do casamento implicaram em pagamentos de
pensões alimentícias, com reflexo direto quando parou de jogar
profissionalmente na virada do século.
“Eu não parei, me pararam”, confessou, quando
ainda se julgava em condições de continuar. Por sinal, pararam em termos. A
identidade com o futebol simplesmente exigiu que optasse pela reversão do profissionalismo
ao amadorismo em Campinas, inicialmente à categoria de veteranos, e agora na chamada
faixa de máster, tanto que joga na equipe Higa-Ponte Preta de Campinas, a sua
cidade natal, aos 56 anos de idade.
Como a ocupação como entregador de remédios
não rendia o suficiente para manutenção da família, o amigo Neto - companheiro
nos tempos de Corinthians - organizou um jogo beneficente em 2009. Depois
disso, o ex-centroavante Chicão - de Ponte Preta e Santos - o acolheu como
instrutor de garotos em escolinha de futebol de Campinas.
À garotada, Ezequiel recorda começo e encerramento
da carreira de atleta profissional na Ponte Preta. Da base ao profissional,
projetava-se que se firmasse como titular, mas acabou repassado ao Ituano em
1989, quando mostrou capacidade de antecipação e desarme nas jogadas, raramente
recorrendo às faltas.
Logo, a estatura de apenas 1,65m de altura não
foi empecilho para que o Corinthians o contratasse, e em 1997 retornasse à
Ponte Preta, onde ficou até 2000. Dez anos depois, apostava que filho de peixe,
peixinho é. Alardeava que o filho Gabriel tinha vocação para vingar como
centroavante, mas o garotão não prosperou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário