Outros tempos jogador de futebol era
idolatrado pelos fãs mesmo quando parava de jogar. Alguns sabiamente exploravam
a popularidade e enveredavam para cargos políticos mesmo sem aptidão, notadamente
no Legislativo. A certeza da votação maciça os encorajava a enfrentar as urnas
e são incontáveis os exemplos daqueles eleitos com folga.
Mesma sorte não teve o lateral-esquerdo
Everaldo, o gaúcho tricampeão mundial em 1970, na Copa do Mundo do México. Em
1974, quando pendurou as chuteiras, tinha como certa uma cadeira na Assembléia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul e se engajou na campanha política de
tal forma que podia ser visto em até dois comícios no mesmo dia. E tudo ia bem
até que perdeu a vida em acidente de automóvel na BR-286, justamente quando
voltava de um comício por volta das 22h30 do dia 27 de setembro daquele ano. O
automóvel Dodge Dart do jogador entrou sob uma jamanta e ficou quase
irreconhecível. Na ocasião, também morreram a esposa Célia e a filha Denise
Marques.
Everaldo deixou uma história de persistência
pela vitória. Revelado no Grêmio, só se firmou como titular após ter sido
emprestado ao Juventude, em 1965. Era um lateral-esquerdo sem técnica, mas
seguro na marcação. E mesmo raramente passando do meio de campo ganhou a
posição do veloz e ofensivo Marco Antonio às vésperas da Copa do Mundo do
México de 1970, até que dois anos depois, no Mundialito realizado no Brasil,
sequer fosse convocado. Por sinal, o único tricampeão esquecido na lista do
treinador Zagallo.
Aquela decisão provocou revolta dos gaúchos,
pois o Rio Grande do Sul tinha histórico de furar o bloqueio do eixo Rio-São
Paulo em convocações de jogadores às Copas. Em 1950, na competição disputada no
Brasil, Nena, do Grêmio, e Adãozinho, do Internacional, foram vice-campeões
mundiais.
Na decadente Seleção Brasileira de 1966, na
Copa da Inglaterra, lá estava o atacante Alcindo Bugre, do Grêmio. E em
Mundiais subseqüentes, o Estado quase sempre esteve representado por atletas,
os principais deles o goleiro Tafarell e o volante Falcão.
Taffarel atravessou fase espetacular no
Mundial dos Estados Unidos de 1994, quando foi decisivo em defesas de pênaltis.
Já o volante Falcão, das Copas da Espanha de 1982 e do México em 1986, sabia
defender e organizar o time com elegância.
Não fosse a tragédia há 30 anos, o negro
Everaldo teria completado 70 anos de idade no dia 11 de setembro passado e, de
certo, recordaria as 30 partidas disputadas na Seleção Brasileira, a recepção
calorosa no desembarque em
Porto Alegre após a conquista do tri e a besteira cometida
num jogo contra o Cruzeiro em 1972, no Estádio Olímpico, quando deu um soco no
árbitro paulista José Faville Neto. Sorte sua, na época, é que a suspensão de
um ano foi reduzida para seis meses.
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