Lelé, o canhão de São Januário
O Vasco viveu um período de ouro nos anos 40,
com Lelé ajudando a decidir jogos. Na temporada de 1947, foi campeão invicto bem
à frente do Botafogo (RJ). E uma das novidades da equipe foi o novo uniforme,
com faixa diagonal branca na camisa preta, introduzida pelo técnico Ondino
Vieira, inspirado no River Plate, da Argentina.
Lelé, o canhão de São Januário, morreu esquecido
em Campinas (SP) há nove anos. Pode-se dizer que o chute dele era tão ou mais potente
do que o do ex-lateral-esquerdo Roberto Carlos. Em companhia de Isaias e Jair
da Rosa Pinto, ele formava o trio denominado 'três patetas' no clube cruzmaltino.
Ainda inspirou compositores de marchas carnavalescas, como foi tema de música
nos tempos de futebol carioca.
Lelé não foi driblador, nem velocista. Sabia
tocar bem na bola e tinha visão de jogo privilegiada. Ele se destacou no
futebol pelo chute fortíssimo e geralmente certeiro. Por isso era cobrador de
faltas nas equipes em que atuava. A 'pancada' com a perna direita amedrontava
quem ficava na barreira. Boleiro indicado para fazer a proteção colocava uma
mão sobre a cabeça e outra no órgão genital, de medo da bolada. Lelé também era
o cobrador oficial de pênaltis nas passagens por Madureira (RJ), Vasco, São
Paulo e Ponte Preta. Detalhe: na carreira de 18 anos como jogador de futebol profissional
jamais perdeu pênalti. A força que colocava na bola, sempre no canto direito, a
meia altura, impossibilitava os goleiros de praticarem a defesa.
Claro que o chute de Lelé não tinha a mesma força
do ponteiro-esquerdo Pepe, do Santos, mas se igualava ao do zagueiro
Martinelli, do Paulista de Jundiaí; de Osvaldo Catingá, de Guarani e Flamengo;
do lateral-esquerdo Carlucci, do Botafogo (SP); e Nelinho, lateral-direito do
Cruzeiro (MG).
Exceto Nelinho, que jogou na década de 70, os
demais citados tiveram período áureo nos anos 60. Martinelli batia tiro de meta
e fazia a bola atravessar o campo. Carlucci raramente passava três jogos sem
fazer gol de falta, porque aliava pontaria à força do chute. Quanto ao mineiro
Nelinho, foi um dos raros jogadores com chute forte e cheio de veneno. Na gíria
do futebol, pegava de ‘calo’ ou três dedos na bola, colocando o efeito
desejado.
Lelé e cinco outros jogadores do Vasco vieram
para a Ponte Preta no início dos anos 50, numa troca pelo atacante Sabará. Ele
ainda passou pelo São Paulo, mas encerrou a carreira na Ponte e havia fixado
residência em Campinas.
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