segunda-feira, 20 de abril de 2009

Escurinho, bom reserva

Por Élcio Paiola, interino

A perna direita do ex-centroavante Luiz Carlos Martins, o Escurinho, lhe deu um apoio extraordinário para que tivesse magnífica impulsão nos saltos para cabeceios na década de 70. Na manhã de domingo (19/04), médicos do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (RS) tiveram de irremediavelmente proceder a amputação do joelho para baixo. Motivo: insuficiência renal e diabetes não controlados com tratamentos para regularizar o funcionamento vascular.
Este mesmo Escurinho havia aparecido pela última vez na mídia em dezembro passado, ao compor o Hino do Centenário para o Internacional (RS), exibido em vídeo no site do jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Na letra, ele enfatiza que “ganhamos tudo”, quando alardeia seu amor pelo clube colorado. Hoje, aos 59 anos de idade, já não está casado e conta com três filhos: Cassius, Síntia e Marcellus.
Escurinho fez parte daquele elenco formado por jogadores altos e fortes do Inter na década de 70, e a filosofia do técnico Rubens Francisco Minelli deu certo. O time foi pentacampeão gaúcho de 1971 a 76, bicampeão brasileiro em 75/76, e contava em seu elenco com o excelente goleiro Manga, recordista em longevidade no futebol. Manguita, como era chamado pelos companheiros, encerrou a carreira aos 44 anos de idade jogando pelo Nacional de Quito, no Equador. A exemplo dele, passaram pelo Estádio Beira-Rio jogadores renomados como o zagueiro chileno Elias Figueiroa, lateral-esquerdo Vacarias, meio-campistas Batista, Caçapava, Falcão e Bráulio, e atacantes definidores como Valdomiro, Dario e Claudiomiro. Com tantos “cobras”, era difícil sobrar um lugar entre os titulares para Escurinho, que tinha a sina de entrar no segundo tempo e decidir jogos, invariavelmente com gols de cabeça.
Curioso é que Escurinho era jogador típico de segundo tempo. Era um fiasco quando escalado desde o início da partida. O próprio atleta se conscientizou disso e encarava a reserva com naturalidade. Reserva não: era o 12º jogador.
Exemplo idêntico ao de Escurinho foi o do também atacante Fedato, jogador do Palmeiras. Fedato, que morreu há dez anos, decepcionava quando escalado desde o início das partidas. No entanto, bastava se aquecer para entrar em campo aos 10 ou 15 minutos do segundo tempo para a torcida palmeirense ficar na expectativa de gols. Fedato empurrava a bola pra dentro do gol, na década de 70, de qualquer jeito: ora de cabeça, ora levando vantagem em bola repartida com zagueiros. Fedato era um “fazedor” de gols por excelência.
Escurinho também jogou no Palmeiras e fez os costumeiros gols de cabeça no segundo tempo. A marca registrada de Inter (RS) continuou no Parque Antártica. E quando os gols começaram a rarear, seu itinerário do futebol foi a castigada “estrada da volta”, até encerrar a carreira no Caxias do Rio Grande do Sul, em 1985.

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