sábado, 12 de abril de 2025

Adeus ao ex-goleiro Manga

Justos elogios ao então goleiro Manga, falecido no último oito de abril, vítima de câncer de próstata, próximo de completar 87 anos de idade. Eles se encaixam à trajetória dele em clubes, porém sem que se a repetisse na Seleção Brasileira, onde atuou 12 jogos. Num amistoso em 1965, no empate por 2 a 2 com a extinta União Soviética, no Estádio do Maracanã, falhou duas vezes. Em cobrança de tiro de meta, chutou a bola na cabeça de um adversário e sofreu o gol. Depois, um erro na saída de bola foi fatal.

Ano seguinte, na Copa do Mundo da Inglaterra, como reserva do saudoso Gylmar, só atuou na última partida da primeira fase, na derrota por 3 a 1 para Portugal, quando também falhou em um dos gols. Todavia, isso não deslustra a carreira iniciada no Sport Recife, para a consagração no Botafogo (RJ) a partir de 1959, onde ficou por quase nove anos, marcados como o melhor goleiro do clube de todos os tempos, quando exigia 'bicho' antecipado em jogos contra o Flamengo, tal a certeza da vitória.

Em razão dele foi instituído o 'Dia do Goleiro' em 26 de abril. Foi marcado pela elasticidade nas defesas e velocidade na reposição. Desprezava as luvas e expunha as mãos enormes às bolas pesadas da época. Proteção apenas nas joelheiras e cotoveleiras, quando goleiros faziam uso de camisas de mangas compridas, e a pequena área era preenchida com areia fina em vez de grama. E do Botafogo foi brilhar no Nacional do Uruguai com conquistas de títulos. Em 1971 foi campeão da Libertadores e Mundial Interclubes, quando havia aperfeioado saídas da meta, um defeito crônico de goleiros brasileiros à época. E paradoxalmente lá também exigiu bicho antecipado nos confrontos contra o Peñarol, e marcou gol em cobrança de tiro de meta, em 1974.

Na temporada seguinte, Haílton Corrêa de Arruda, nome de registro do recifense Manga, chegou ao Inter (RS) e participou do bicampeonato brasileiro. Ele jogou ainda no Operário-MS, Coritiba e Grêmio, até decidir pelo final de carreira no Barcelona de Guayaquil, do Equador, com título em 1981, um ano antes da despedida.

No Brasil, em 2012 ainda foi preparador de goleiros do Inter (RS), em curta permanência. De volta ao Equador, ficou até 2019, quando crises renais sugeriram que fizesse tratamento no Uruguai. Voltou ao Rio de Janeiro em 2020, acomodado na Casa dos Artistas.



domingo, 30 de março de 2025

Adeus ao zagueiro Alfredo Mostarda

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A morte do ex-quarto-zagueiro Alfredo Mostarda, no último dia 28 de março, aos 78 anos de idade, nos remete a hábito protocolar de clubes quando postam mensagens de lamentação e sentimentos aos familiares. Só que no assunto específico, a diretoria do Palmeiras não deu a mínima para bronca do lendário meia Ademir da Guia, em três de dezembro passado, quando a criticou duramente pelo abandono a ídolos do passado, em referência ao ex-companheiro, vítima de Alzheimer, e desamparado.

Embora o Ministério da Saúde tenha revelado que a doença não tem cura, que nada pode ser feito para barrar o avanço dela, Ademir da Guia se referia à falta de ajuda financeira do clube ao custo de caros medicamentos, visto que publicação da revista The Lancet Public Heal citou que jogadores de futebol têm mais probabilidades de desenvolver Alzheimer, devido ao frequente uso da cabeça.

O último estágio do paciente se caracteriza por dificuldade para falar, coordenar movimentos,, insônia, incontinência urinária, restrição ao leito, dor à deglutição e infecções intercorrentes. Da histórica segunda Academia Palmeirense, Alfredo Mostarda é o segundo a falecer. O primeiro foi o volante Dudu, ano passado.

Formado nas categorias de base do Palmeiras, ao se profissionalizar ele foi emprestado ao Cruzeiro, Marcílio Dias (SC) e Nacional (AM), até que, no retorno, foi reserva de Nelson, em 1971. Na sequência, ao assumir a titularidade, formou dupla de zaga com o igualmente lendário Luís Pereira, ocasião que colocou em prática o estilo técnico e foi premiado com a Bola de Prata da Revista Placar em 1973.

A boa fase rendeu-lhe espaço entre os convocados à Seleção Brasileira à Copa do Mundo do ano seguinte, onde atuou na disputa de 3º lugar contra a Polônia, em temporada que foi campeão do Troféu Ramón de Carranza, na Espanha, e campeão paulista em 1974, jamais imaginando que na sequência fosse perder espaços no clube com a chegada do então treinador Dino Sani.

Por isso, topou o empréstimo ao Coritiba, não imaginando que meses depois o comandante se transferisse para lá, ocasião que recusou-se trabalhar com ele, e o clube o repassou ao Santos. Em 1978, de volta ao Palmeiras, formou dupla de zaga com Beto Fuscão, naquele vice-campeonato brasileiro. E ainda jogou no América de Rio Preto (SP), Taubaté e Jorge Wilstermann, da Bolívia.

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domingo, 16 de março de 2025

Lateral Dalmo foi o inventor da paradinha, nos pênaltis

 Embora a paradinha em cobranças de pênaltis seja proibida, os abusos são frequentes pelos tais cobradores, e com tolerância da arbitragem. E engana-se quem cita ter sido o saudoso 'rei' Pelé o inventor dela. Ainda nos tempos de Santos, no final da década de 50 do século passado, o ex-ponteiro-esquerdo Pepe conta como ela surgiu, através do então lateral-esquerdo Dalmo, falecido em fevereiro de 2015, aos 82 anos de idade.

Dalmo entrou para a história do alvinegro praiano como autor do gol de pênalti que deu vitória à sua equipe por 1 a 0 sobre o Milan da Itália, em 16 de novembro de 1963, na terceira e decisiva partida válida pelo Mundial Interclubes, no Estádio do Maracanã, após o clube italiano vencer por 4 a 2, em seus domínios, e perder pelo mesmo placar quando atuou no Rio de Janeiro, ocasião que o time santista era esse: Gylmar, Ismael, Mauro, Haroldo e Dalmo; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Almir e Pepe.

Como Pelé desfalcou a sua equipe na terceira e decisiva partida, em decorrência de contusão, o treinador Lula - já falecido - deixou a incumbência de cobrança de pênalti para Dalmo e Pepe. “Um jogador aplicado como o Dalmo merece estar na história”, acrescentou o ponteiro-esquerdo, que diferentemente do lateral pegava forte na bola também em cobranças de pênaltis, com histórico de ter furado redes adversárias.

Dalmo começou a carreira no Guarani e se transferiu ao Santos em 1957, com estreia no dia 26 de outubro, na vitória sobre o Palmeiras por 4 a 3, no Estádio do Pacaembu. Pepe contou que Dalmo sempre foi titular, tendo atuado em todas as posições da defesa, até que fosse fixado na lateral-esquerda, a posição de origem. A despedida dele do Santos ocorreu em 1964. Incontinenti, voltou ao Guarani.

O final da carreira foi como zagueiro central do Paulista de Jundiaí, cidade em que nasceu e se aposentou como funcionário público. Depois, integrou a equipe de esportes da Rádio Cidade Jundiaí - AM 730, como comentarista, e só se distanciou da terrinha quando projetou que pudesse seguir a carreira de treinador, e um dos clubes que dirigiu foi o Catanduvense, mas, com percepção que não prosperaria na função, tratou de abandoná-la. Ele mesmo informou ter sido o primeiro jogador brasileiro a utilizar chuteira de borracha no País. O presente foi dado por Pelé em uma das excursões do Santos ao exterior.


domingo, 9 de março de 2025

Adeus ao ex-zagueiro Luiz Carlos Galber

A morte do ex-quarto-zagueiro Luiz Carlos Galber, neste sete de março, aos 77 anos de idade, devido à complicaões renais, traz reflexão sobre a década de 60, quando foi revelado pelo juvenil do Corinthians. Na ocasião, ele confessou se espelhar no central Djalma Dias, já falecido, e assim se destacou pelo estilo clássico, capacidade para fazer a bola sair 'redonda' de trás, assim como velocidade e colocação adequada ao desarme.

Foi um período marcado por boleiros descabeçados, mas Luiz Carlos já se diferenciava pelo uso adequado do dinheiro, tanto que no final da carreira em 1979 já era dono de uma pizzaria, e optou por administrá-la presenciamente, isso após seis meses de salários atrasados no Coritiba.

Em entrevista ao canal Museo da Pelada, no You Tube, ele revelou que no início daquela temporada não compareceu à reapresentação no elenco. Como consequência, recebeu ligação telefônica de um dirigente ameaçando-o multá-lo. Aí, a resposta foi curta e grossa: 'O senhor vai cobrar multa referente ao mês de junho ou de um dos meses subsequentes que o clube não me pagou?'

Ele chegou ao Corinthians como lateral-esquerdo, mas profissionalmente atuou como zagueiro, entre 1967 e 1973. Lá, aos 20 anos de idade, ficou marcado no jogo da quebra do tabu de 11 anos contra o Santos, quando anulou o saudoso 'rei' Pelé na vitória por 2 a 0, em 1968, gols de Flavio e Paulo Borges.

Em decorrência da regularidade, foi convocado algumas vezes à Seleção Brasileira, embora tenha atuado em apenas contra o Paraguai, em 1971. Por isso se irritou com a postura do saudoso treinador Zagallo que, segundo ele, restringia conversas apenas com jogadores titulares. Assim, a falta de oportunidades o incomodava, tanto que avisou a comissão técnica para que não fosse mais convocado.

A saída do Corinthians ocorreu após desentendimento com o então presidente Vicente Matheus. Na ocasião, o seu treinador Yustrich, que tinha bom relacionamento com dirigentes do Flamengo, contribuiu que lá fosse encaminhado, e assim incentivou o início de carreira do meia Zico.

Também passou pelo Operário de Campo Grande (MS) em 1977, quando o saudoso treinador Castilho conduziu o clube ao terceiro lugar do Brasileirão daquela temporada. Ele até topou volta ao futebol como treinador, no Barra Mansa (RJ) em 1991, mas a precária estrutura do clube o desestimulou.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Mauro Galvão jogou até os 40 anos de idade

 Quando se constata um zagueiro extremamente técnico, desconfie se na infância ele já ocupava a mesma posição. Não foi à toa que Mauro Galvão, quando atuava na quarta-zaga, fazia a bola sair redonda de trás, nas duas últimas décadas do século passado. Se preciso fosse, driblava com categoria atacantes adversários, para limpar jogadas, antes do passe certeiro.

E por que essa ousadia? Com dez anos de idade e apelidado de Maurinho, havia sido um ponteiro-direito driblador da equipe União das Onze, do bairro Meninos Deus, em Porto Alegre. Posteriormente, sem que prosperasse no infantil do Grêmio, transferiu-se ao Inter (RS), com hábito de fazer a recomposição, fato que o condicionou à adaptação como lateral-direito.

Profissionalizado, o treinador Ênio Andrade não hesitou em fixá-lo na quarta-zaga em 1978, formando dupla com Mauro Pastor. Aí, durante um treino, foi repreendido pelo então volante Falcão para tirar a bola de 'bico', de trás. Aí, como quem não tem papas na língua, eis a resposta afiada: 'Mas aonde é o bico?'

Todos ficaram com os olhos arregalados com a confiança do garoto que praticava futebol clássico, mas sabia dar carrinho na bola quando a situação exigia. Assim, participou da conquista do título do Brasileirão de forma invicta, em 1979. E sete anos depois foi jogar no Bangu e integrou a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1986, como reserva de Edinho, do Fluminense. Já em 1990, na eliminação do selecionado para a Argentina, no Mundial da Itália, foi titular quando o então treinador Sebastião Lazaroni montou esquema com três zagueiros.

A época, ele era disputado por clubes cariocas, com títulos em Botafogo e Vasco, intercalando passagem no Lugano da Suíça, onde ficou durante seis anos. No retorno ao Brasil, em 1996, foi campeão brasileiro pelo Grêmio, mas já na temporada seguinte voltou ao Vasco, mas sempre condicionando que a despedida da carreira seria no Grêmio, o que ocorreu em 2001, aos 40 anos de idade.

Aí começaram as andanças como treinador e executivo de futebol, porém sem que surtisse o mesmo efeito da carreira de atleta. Natural de Porto Alegre (RS), Mauro Geraldo Galvão nasceu no dia 19 de dezembro de 1961. Em setembro de 2020 foi anunciado para trabalhar como comentarista de futebol do canal SBT, emissora que havia adquirido os direitos de transmissão da Libertadores da América.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Badeco de clássico volante a delegado de polícia

Badeco foi um volante estilo clássico e de toque refinado nos anos 60 e 70 do século passado, que herdou do pai a carreira de atleta. O erro inicial foi a escolha do primeiro clube, caso do juvenil do Corinthians. Profissionalizado, foi ter a primeira chance em 1967, pois na sua posição jogava nada menos que o consagrado Dino Sani. Logo, sem espaço no clube, no ano seguinte seguiu para o América (RJ), onde havia jogado o seu pai.

Apesar do bom desempenho na agremiação carioca, aceitou volta à capital paulista em 1973, para jogar na Portuguesa. E quis o destino que o clube montasse um dos melhores elencos de todos os tempos, culminando com a divisão do título paulista com o Santos. Divisão? Como assim? Culpa do saudoso árbitro Armando Marques, que cometeu a 'presepada' de se confundir na contagem, quando a decisão havia se prolongado às cobranças de pênaltis.

A Lusa havia errado duas vezes e, sem que o ciclo tivesse concluído, o juizão declarou o Santos como campeão. Com a controvérsia, a Federação Paulista de Futebol decidiu pela divisão do título, quando a Lusa, dirigida pelo saudoso treinador Oto Glória, tinha essa formação: Zecão; Cardoso, Pescuma, Calegari e Isidoro; Badeco, Basílio e Xaxá; Enéas (Tatá), Cabinho e Wilsinho.

Na Portuguesa, ele permaneceu até 1978. Depois passou por Comercial (MT) e Juventude (RS), quando seguidas lesões as desmotivaram a prosseguir na carreira de atleta, migrando-se à função de treinador nos juniores e como auxiliar técnico de Mário Travaglini, na Portuguesa. Paralelamente, foi diplomado na Faculdade de Direito em 1982, e preparado para se submeter ao concurso de delegado da Polícia Federal. Aprovado, e em respeito ao cargo, passou a ser identificado como Dr. Ivan Manoel de Oliveira, função que desempenhou até a aposentadoria.

Agora, como vai completa 50 anos de idade no dia 15 de março próximo, Badeco trabalha com crianças carentes e advogados recém-formados em uma cooperativa ligada à Prefeitura de São Paulo. Ele é um negro que continua engajado na luta contra o racismo, e conta história em que foi vítima de assédio moral, em 1953. Como aluno de grupo escolar em Joinville (SC), sua cidade natal, alguém soltou um 'pum', e a austera professora, de origem alemã, de costas para a sala de aula, escrevendo na lousa, o acusou sem prova, exigindo que se retirasse do local.