Justos elogios ao então goleiro Manga, falecido no último oito de abril, vítima de câncer de próstata, próximo de completar 87 anos de idade. Eles se encaixam à trajetória dele em clubes, porém sem que se a repetisse na Seleção Brasileira, onde atuou 12 jogos. Num amistoso em 1965, no empate por 2 a 2 com a extinta União Soviética, no Estádio do Maracanã, falhou duas vezes. Em cobrança de tiro de meta, chutou a bola na cabeça de um adversário e sofreu o gol. Depois, um erro na saída de bola foi fatal.
Ano seguinte, na Copa do Mundo da Inglaterra, como reserva do saudoso Gylmar, só atuou na última partida da primeira fase, na derrota por 3 a 1 para Portugal, quando também falhou em um dos gols. Todavia, isso não deslustra a carreira iniciada no Sport Recife, para a consagração no Botafogo (RJ) a partir de 1959, onde ficou por quase nove anos, marcados como o melhor goleiro do clube de todos os tempos, quando exigia 'bicho' antecipado em jogos contra o Flamengo, tal a certeza da vitória.
Em razão dele foi instituído o 'Dia do Goleiro' em 26 de abril. Foi marcado pela elasticidade nas defesas e velocidade na reposição. Desprezava as luvas e expunha as mãos enormes às bolas pesadas da época. Proteção apenas nas joelheiras e cotoveleiras, quando goleiros faziam uso de camisas de mangas compridas, e a pequena área era preenchida com areia fina em vez de grama. E do Botafogo foi brilhar no Nacional do Uruguai com conquistas de títulos. Em 1971 foi campeão da Libertadores e Mundial Interclubes, quando havia aperfeioado saídas da meta, um defeito crônico de goleiros brasileiros à época. E paradoxalmente lá também exigiu bicho antecipado nos confrontos contra o Peñarol, e marcou gol em cobrança de tiro de meta, em 1974.
Na temporada seguinte, Haílton Corrêa de Arruda, nome de registro do recifense Manga, chegou ao Inter (RS) e participou do bicampeonato brasileiro. Ele jogou ainda no Operário-MS, Coritiba e Grêmio, até decidir pelo final de carreira no Barcelona de Guayaquil, do Equador, com título em 1981, um ano antes da despedida.
No Brasil, em 2012 ainda foi preparador de goleiros do Inter (RS), em curta permanência. De volta ao Equador, ficou até 2019, quando crises renais sugeriram que fizesse tratamento no Uruguai. Voltou ao Rio de Janeiro em 2020, acomodado na Casa dos Artistas.