segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Zé Sérgio, ídolo como atleta e técnico com fracassos

Um dos enigmas do futebol é que jogadores talentosos do passado não necessariamente vingam como treinador. O ponteiro-esquerdo Zé Sérgio, ídolo de São Paulo e Santos, inserido entre os 20 melhores atletas da posição de todos os tempos no cenário brasileiro, é um deles. Como comandante de grupo foi demitido sumariamente das categorias de base do tricolor paulistano em 2012, após empate diante do Sergipe e derrota para o Barueri na Copa São Paulo. Depois, como treinador dos juniores da Ponte Preta, foi alvo de críticas por ter conquistado apenas um dos nove pontos em disputa na primeira fase da competição.

Em comum, nas duas situações, foi não assumir culpa pelo debacle, preferindo transferir responsabilidade aos seus jogadores. Logo, continuará lembrado como atleta pelo estilo semelhante ao seu ídolo Edu Jonas das décadas de 60 e 70, do grande Santos. Impressionava pela gingada e drible. E além de assistente de centroavantes, também concluía jogadas quando entrava por dentro.

José Sérgio Prestes, primo do ex-craque Roberto Rivelino, jogou no São Paulo de 1975 a 1983, período que colecionou três títulos: Campeonato Brasileiro de 1977 e Paulistão de 1980/81. Convocado à Seleção Brasileira à Copa do Mundo da Argentina de 1978, parte da imprensa cobrava do treinador Cláudio Coutinho (já falecido) que o fixasse como titular, mas a preferência recaiu sobre Dirceu (também falecido), que fazia o quarto homem de meio de campo e compensava pela combatividade.

Mais dois títulos estaduais estavam reservados na carreira dele: paulista pelo Santos em 1984, do saudoso treinador Castilho, e carioca no Vasco em 1987. Depois ainda brilhou no Nissan do Japão por pouco mais de dois anos. Aí,

joelhos extremamente comprometidos por duas cirurgias eram indicativos de que a carreira chegava ao final aos 33 anos de idade. Inadmissível, contudo, era ficar fora do meio. Por isso aceitou convite para ser coadjuvante de treinador daquele clube japonês e começou a aprender os macetes de comandante de grupo.

De volta ao Brasil aderiu ao grupo de Atletas de Cristo, a convite de seu ex-companheiro Muller. E testemunhou graças obtidas através da palavra de Deus, como a montagem de moderníssimo centro de treinamento para abrigar escolinha de futebol em Vinhedo (SP). Depois foi treinar equipes de juniores em clubes.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Mauro, ponteiro do Corinthians no título de 1990

Naquele Corinthians campeão brasileiro de 1990, o ponteiro-esquerdo era Mauro Aparecido da Silva, natural de Ipauçu (SP), que em agosto passado completou 62 anos de idade. Ele usava velocidade para chegar ao fundo de campo, sabia bater na bola para os cruzamentos, e o treinador Nelsinho Baptista soube usá-lo taticamente para recomposição, de forma que o meia Neto - destaque da equipe - tivesse liberdade para jogadas ofensivas.

O gol do título naquele 1 a 0 sobre o São Paulo foi do atacante Tupãzinho, no Estádio Morumbi, com público de 100.858 torcedores, quando a formação do Corinthians era essa: Ronaldo Giovanelli; Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir; Márcio, Wilson Mano e Neto (Ezequiel): Tupãzinho, Fabinho e Mauro (Paulo Sérgio). Entretanto, no ano seguinte, ao sofrer devidas lesões, perdeu espaço para o novato Paulo Sérgio, foi jogar no Mogi Mirim, com fim precoce de carreira.

A identidade de Mauro com o Corinthians abriu-lhe espaço para desempenhar outras funções no clube, a principal delas como observador técnico, levado pelo próprio Nelsinho Baptista, no retorno ao clube ao final dos anos 90. E isso continuou com outros integrantes de comissão técnica como Mano Menezes e Tite, persistindo até 2018, quando acompanhou o treinador Fábio Carille no Al-Wehda, da Arábia Saudita.

Posteriormente, no regresso ao Brasil, reassumiu a mesma função no Corinthians, e tem história a partir do juvenil da Ponte Preta no final dos anos 70, firmando-se na equipe principal apenas em 1984, com continuidade por mais dois anos, ocasião em que atuou com os meias Dicá e Jorge Mendonça, assim como o centroavante Chicão.

Embora diferenciado para bater na bola no iníco de carreira, coube ao então treinador Dino Sani conscientizá-lo para que deixasse de ser preguiçoso. Ao flagrá-lo sentado no degrau do portão que dá acesso ao vestiário do Departamento Amador do clube, com ombro encostado na parede, traçou comparativo com o então zagueiro Juninho Fonseca, ao lado e de pé, e em posição praticamente de 'sentido'. “Enquanto um parece pronto à luta, o outro aguarda que o mundo acabe em barranco, pra morrer encostado” comentou.

Tiradas irônicas de Dino ajudaram Mauro a se despertar. E na transferência ao Palmeiras, ele atuou em jogo que marcou o rebaixamento de seu ex-clube à segunda divisão paulista. Depois, registro para a trajetória no Corinthians.

domingo, 12 de janeiro de 2025

Liedson fez histórias no Corinthians e Flamengo

Quão salutar é reverenciar ídolos do passado que nem passam mais pela sua memória da maioria! De certo aqueles que não são corintianos e flamenguistas sequer recordam da fisionomia do centroavante Liedson, cujo prenome raramente é registrado em cartórios de nascimento. Pois o personagem em questão foi um talentoso atleta daquele Corinthians do treinador Tite, campeão brasileiro em 2011, na segunda passagem pelo clube, quando herdou a camisa nove de Ronaldo Fenômeno, artilheiro da competição com 12 gols.

Na temporada seguinte, foi partícipe da conquista invicta da Libertadores, quando se destacava pela velocidade, agilidade, boa impulsão - apesar da estatura de 1,76m de altura -, e exímia capacidade de finalização, com carreira marcada como goleador por onde passou, mas não esteve presente nos dois jogos da finalíssima contra o Boca Junior, com empate por 1 a 1 na Argentina e vitória por 2 a 0 no Estádio do Pacaembu, dois gols de Emerson Sheik.

Quando descoberto no futebol amador de sua cidade natal Cairu, na Bahia, aos 21 anos de idade, Liedson da Silva Muniz era ajudante de pintor e pedreiro. No triênio a partir de 1997 atuou pelo Poções, e continuou a trajetória no Prudentópolis (PR) e Coritiba, até a chegada ao Flamengo em 2002, com marca com 14 gols em 24 jogos na campanha do Brasileirão.

Dali, registro para curta passagem pelo Corinthians e a primeira experiência internacional no Sporting (POR), onde ficou durante sete anos, conquistou títulos e, em 2009, após obter a cidadania portuguesa, foi convocado para defender o selecionado daquele país, com histórico de 15 partidas e quatro gols, um deles na goleada por 7 a 0 sobre a Coreia do Norte, na Copa do Mundo de 2010. Incontinente, no retorno ao Corinthians, continuou se destacando e assim atraiu interesse do Porto (POR), onde fez opção para encerramento da carreira em 2013, sendo que em dezembro passado ele completou 47 anos de idade.

Para não se desligar totalmente do futebol, a opção dele foi montar uma escolinha da modalidade na cidade de Valença, no litoral da Bahia, local que o deixou abalado em 2017, após ter se envolvido em um acidente que deixou uma mulher morta na BA-887, a condutora de um veículo Ford Ka, que colidiu na BMW dele, que não sofreu grandes danos, assim como ele e a esposa - que o acompanhava - sofreram ferimentos leves. 




domingo, 5 de janeiro de 2025

Joãozinho, zagueiro campeão pelo Santos

 Dos trinta alunos do segundo ano do curso colegial, da Escola Estadual José Vilagelin Neto, em Campinas, cinco deles estavam vinculados ao Guarani e Ponte Preta. Curioso que enquanto estudantes eram amigos e até trocavam gostosas gargalhadas, mas de vez em quando transformavam-se em adversários nos tradicionais dérbis campineiros.

Daquela turma, quem mais se destacou foi o zagueiro Oscar Bernardes, da Ponte Preta, que tinha um Fusquinha branco e dava carona ao goleiro Carlos Ganso e volante Carlos Magno, no regresso aos alojamentos do Estádio Moisés Lucarelli.

Desciam, sentido Estádio Brinco de Ouro, o zagueiro Joãozinho - irmão do então lateral-esquerdo Bezerra - e o volante Carlos Magno. O início da carreira dele, João Rosa de Souza Filho, natural de Altair (SP), que em março vai completar 69 anos de idade, foi no juvenil bugrino, após breve estágio no Atlético Altair. As virtudes, como na antecipação a adversários e no jogo aéreo, serviram para ganhar espaço na equipe principal, onde chegou à formar dupla de zaga com o saudoso Amaral.

Em evidência, despertou interesse do Santos, que veio buscá-lo em 1977, aos 21 anos de idade, com estreia diante do Palmeiras, no empate por 1 a 1, ocasião que formava dupla com Neto e saboreou o título paulista em 1978, no grupo batizado de 'Meninos da Vila'.

Ainda no clube, ganhou a 'Bola de Prata' em 1980, como o melhor zagueiro do Campeonato Brasileiro. E lá permaneceu até 1983, com despedida na derrota para o Flamengo por 3 a 0, na decisão do Brasileirão, no Estádio Maracanã, com público de 155.523 pagantes. Na ocasião, o time comandado pelo treinador Chico Formiga tinha essa formação: Marola; Toninho Oliveira, Joãozinho, Toninho Carlos e Gilberto Sorriso; Toninho Silva, Pita e Paulo Isidoro; Camargo (Batistote), Serginho Chulapa e João Paulo.

Depois foi jogar no Sport Recife, Grêmio Maringá e Paulista de Jundiaí, onde encerrou a carreira em 1986. Houve até tentativa de ingresso na carreira de treinador, inicialmente nas categorias de base do Santos, marcada por ter descoberto o então meia Giovanni.

Em 1994 chegou a ser auxiliar-técnico de Serginho Chulapa na equipe principal, e depois o substituiu, com histórico de 51 partidas. Ele ainda passou por Caxias (RS), Portuguesa Santista, Paysandu, Remo e Botafogo de Ribeirão Preto, em 2003.