sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Vagner Love: injustiçado

O triste episódio de torcedores palmeirenses agredindo o jogador Vagner Love, vinculado ao clube, seria evitado se a nação alviverde fosse devidamente informada da queda de rendimento técnico de seu atacante.
Love pode até ser baladeiro como dizem por aí, mas a queda de produção de seu futebol não reflete acentuadamente no aspecto físico. A questão é puramente tática. É conceitual.
Quando se projeta a contratação de um jogador, independente de suas virtudes, é necessária uma avaliação criteriosa como será encaixado no esquema tático programado pelo treinador. Oras, se a principal característica de ataque trabalhada pelo técnico Muricy Ramalho é o jogo aéreo, o que esperar de produtividade de Vagner Love, jogador de pouco mais de um metro e meio de altura - 1,71m?
Convenhamos que os cartolas do Palmeiras e principalmente o gerente de futebol Toninho Cecílio deveriam ter avaliado que jogadas aéreas não se “casariam” com o estilo de Vagner Love. A rigor, nem sempre os clubes analisam criteriosamente características de jogadores e esquemas adotados por treinadores, e depois são surpreendidos.
A queda de rendimento do Palmeiras tem muita a ver com laterais ou quem caía pelas beiradas do campo insistir em alçar bola para a área adversária a procura de um cabeceador. De vez em quando o atacante Obina completava a jogada para o gol. Do contrário, gols de cabeça se restringiam às projeções de zagueiros ao ataque, principalmente em lance de bola parada.
Deve-se considerar, também, que o Palmeiras teve a infelicidade de perder, por contusão, o meia Cleiton Xavier, articulador de jogadas que sabe vislumbrar um atacante em boas condições para arrematar.
Claro que na ausência dele a incumbência de organizar as jogadas de ataque seria de Diego Souza, mas ele andou escondido em campo. Apesar de suas inegáveis qualidades, não chamou para si a responsabilidade de decidir partidas e sucumbiu, como todo time. E, considerando-se suas atuações bem aquém do esperado, jamais deveria ser eleito o craque do Campeonato Brasileiro. Em futebol, registra-se muito a última imagem. E sua última imagem foi aquele golaço do meio de campo que marcou contra o Atlético (MG). Um gol magnífico, imortalizado, sem dúvida. Para a maioria, um gol que apagou as más atuações quando merecia até ser substituído em campo.
Sorte de Diego de ter trabalhado com Muricy Ramalho, treinador que respeita a identidade do jogador. Uma leva de comandantes não hesitaria em substitui-lo, fato que alertaria a torcida sobre seu fraco desempenho. E isso resultaria em cobrança maior.
Então, sem municiamento adequado dos meias, com a natural irritação de bolas levantadas pelos laterais, e com um companheiro de ataque com claras deficiências técnicas, como Obina, Love teria mesmo que sucumbir.
Com a definição que ele, Love, e Muricy Ramalho permanecerão no Palmeiras em 2010, é imprescindível que o treinador reveja seus conceitos de insistência no jogo aéreo. Love é bom no chão. Logo, por ali devem ser preparadas as jogadas para que conclua.
Ele é rápido, tem relativa habilidade, e é “matador”.

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