Por que o sérvio Petskovic renasceu para o futebol e foi indicado como um dos principais destaques do Campeonato Brasileiro de 2009 com a camisa do Flamengo? Claro que o dedo do técnico Andrade foi fundamental para a performance surpreendente deste meia. Como o time flamenguista foi condicionado a valorizar a posse de bola, por extensão Pet foi acionado seguidamente, e de sua cabeça pensante surgiram as principais jogadas de ataque de seu time.
Andrade deu um show no comando do Flamengo na recente vitória sobre o Corinthians por 2 a 0, em Campinas. Depois, acuado por um batalhão de repórteres, não fugiu da habitual simplicidade e transferiu os méritos aos seus jogadores, diferentemente de treinadores arrogantes e marqueteiros, que elencariam táticas para se sobrepor ao adversário.
Ainda bem que o comentarista de futebol Júnior, profundo conhecedor da matéria, explicou aos telespectadores da TV Globo a sábia estratégia de Andrade de ordenar aos jogadores flamenguistas que ficassem o maior tempo possível com a bola nos pés, para evitar riscos. “Vejam que os jogadores do Flamengo evitam até cruzamentos para a área adversária, para não darem chances de rebote e perda da posse de bola aos jogadores corintianos”, detalhou Júnior.
A impressionante visão de jogo de Andrade foi logo identificada pela boleirada de sua equipe, que apoiou sua efetivação no cargo no início de agosto, após a saída do técnico Cuca. A rigor, privilegiada visão de jogo sempre foi característica preponderante de Andrade nos tempos de jogador do Flamengo entre os anos 70 e 80, quando participou do mais aplaudido trio de meio-de-campo do clube: Andrade, Adílio e Zico. Eles faziam a bola rolar de pé em pé. Preocupavam-se extremamente em valorizá-la, e assim desafogavam o setor defensivo. Apesar disso, quando os adversários procuravam se organizar, Andrade também mostrava capacidade para o desarme, coadjuvado por Adílio que cercava bem os espaços no setor, a despeito de ter sido um jogador criativo.
Andrade participou daquele inesquecível time do Flamengo de 1981, campeão da Libertadores da América sobre o Cobreloa (CHI), e Mundial de Clubes diante do Liverpool (ING): Raul Plasmman; Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico. O técnico era Paulo César Carpeggiani.
Mineiro de Juiz de Fora, 52 anos de idade, Jorge Luís Andrade da Silva começou a carreira no Flamengo em 1974, ganhou experiência nos dois anos emprestado ao Ula Mérida da Venezuela, e voltou ao exterior em 1988, no Roma da Itália. Na volta ao Brasil, ano seguinte, foi campeão brasileiro no Vasco. Depois a trajetória foi marcada em clubes modestos como Desportiva (ES), Operário (MS) e Bacabal (MA).
Como auxiliar técnico do Flamengo foi leal aos treinadores com os quais trabalhou. A sabedoria ao transmitir conceitos de seu tempo de jogador ao grupo que comanda serviu para sepultar a alternativa de técnico tampão. Ele soube pacientemente esperar a oportunidade.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Ado, um goleiraço
Em 1969 o Corinthians foi buscar em Londrina o goleiro Ado e não se arrependeu. Repetidas vezes ele ia buscar as chamadas bolas na gaveta - como se diz na gíria do futebol. Tinha elasticidade para praticar defesas quer no chão, quer no alto.
Nascido em Jaraguá - interior de Santa Catarina - Ado migrou-se para Londrina e iniciou a carreira no futebol em 1966 naquela equipe do interior paranaense. Na época já usava luvas, contrastando com a maioria dos goleiros que não dispunha da “ferramenta”. A rigor, naquele período quem era da posição tinha vício de cuspir nas mãos para umedecê-las.
Goleiro do passado sofria. Além da maior dificuldade em focar a bola de cor marrom, mais pesada, que não era impermeável, dizia-se que a posição era tão diferenciada a ponto de não nascer grama na pequena área. Na prática, despejavam areia fina nas imediações da risca do gol e quem optava pela posição usava joelheira e camisa de manga comprida, dotada de acochoalho para proteção de cotovelo, ombro e região peitoral.
O único favorecimento aos goleiros era a forma retangular das traves de madeira, que muitas vezes evitavam a bola de entrar para o gol quando batia nas quinas. Hoje, as balizas são roliças e de ferro.
Em Londrina, olheiros de plantão se encantaram com as defesas de Ado e o Corinthians sabiamente o contratou. E bastaram alguns meses no Timão para que chegasse à Seleção Brasileira ainda nas Eliminatórias à Copa do Mundo do México. Pena que o teimoso treinador Mário Jorge Lobo Zagallo o deixou na reserva de Félix, com a justificativa de maior experiência do então goleiro do Fluminense.
O tricampeonato mundial em 1970 rendeu fama e projeção a Ado. Descendente de alemão, bom porte físico e vasta cabeleira, foi chamado para estrelar em comerciais de televisão, sem que isso provocasse descuido na carreira de atleta no Corinthians até 1974, quando se transferiu para o América do Rio de Janeiro.
Pode-se dizer que a partir daí não foi mais aquele goleiro regularíssimo. Assim, começou o repasse de clubes: Atlético (MG), Portuguesa, Velo Clube (SP), Santos, Ceará, Ferroviário (CE), Fortaleza e Bragantino até 1982.
Aí, o cidadão Eduardo Roberto Stinghen mostrou que tem cabeça no lugar. Aplicou o dinheiro que engordava no mercado financeiro na compra de dois restaurantes. Depois, quando bateu aquela saudade do mundo da bola, trocou de ramo: construiu quadras de grama sintética em dois complexos esportivos na capital paulista, com objetivo de incrementá-los em locações e escolinhas de futebol para crianças e adolescentes.
Hoje, aos 63 anos de idade completados em julho passado, Ado mora no Brooklin, bairro nobre de São Paulo, e lembra com orgulho daquele time corintiano de abril de 1971, na virada por 4 a 3 sobre o Palmeiras: Ado; Zé Maria, Sadi, Luís Carlos e Pedrinho; Tião e Rivelino; Lindóia, Samarone, Mirandinha e Peri.
Nascido em Jaraguá - interior de Santa Catarina - Ado migrou-se para Londrina e iniciou a carreira no futebol em 1966 naquela equipe do interior paranaense. Na época já usava luvas, contrastando com a maioria dos goleiros que não dispunha da “ferramenta”. A rigor, naquele período quem era da posição tinha vício de cuspir nas mãos para umedecê-las.
Goleiro do passado sofria. Além da maior dificuldade em focar a bola de cor marrom, mais pesada, que não era impermeável, dizia-se que a posição era tão diferenciada a ponto de não nascer grama na pequena área. Na prática, despejavam areia fina nas imediações da risca do gol e quem optava pela posição usava joelheira e camisa de manga comprida, dotada de acochoalho para proteção de cotovelo, ombro e região peitoral.
O único favorecimento aos goleiros era a forma retangular das traves de madeira, que muitas vezes evitavam a bola de entrar para o gol quando batia nas quinas. Hoje, as balizas são roliças e de ferro.
Em Londrina, olheiros de plantão se encantaram com as defesas de Ado e o Corinthians sabiamente o contratou. E bastaram alguns meses no Timão para que chegasse à Seleção Brasileira ainda nas Eliminatórias à Copa do Mundo do México. Pena que o teimoso treinador Mário Jorge Lobo Zagallo o deixou na reserva de Félix, com a justificativa de maior experiência do então goleiro do Fluminense.
O tricampeonato mundial em 1970 rendeu fama e projeção a Ado. Descendente de alemão, bom porte físico e vasta cabeleira, foi chamado para estrelar em comerciais de televisão, sem que isso provocasse descuido na carreira de atleta no Corinthians até 1974, quando se transferiu para o América do Rio de Janeiro.
Pode-se dizer que a partir daí não foi mais aquele goleiro regularíssimo. Assim, começou o repasse de clubes: Atlético (MG), Portuguesa, Velo Clube (SP), Santos, Ceará, Ferroviário (CE), Fortaleza e Bragantino até 1982.
Aí, o cidadão Eduardo Roberto Stinghen mostrou que tem cabeça no lugar. Aplicou o dinheiro que engordava no mercado financeiro na compra de dois restaurantes. Depois, quando bateu aquela saudade do mundo da bola, trocou de ramo: construiu quadras de grama sintética em dois complexos esportivos na capital paulista, com objetivo de incrementá-los em locações e escolinhas de futebol para crianças e adolescentes.
Hoje, aos 63 anos de idade completados em julho passado, Ado mora no Brooklin, bairro nobre de São Paulo, e lembra com orgulho daquele time corintiano de abril de 1971, na virada por 4 a 3 sobre o Palmeiras: Ado; Zé Maria, Sadi, Luís Carlos e Pedrinho; Tião e Rivelino; Lindóia, Samarone, Mirandinha e Peri.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Getúlio, o GG da cara grande
Inegavelmente boleiros têm prazer em colocar apelidos nos colegas, e ainda bem que na maioria das vezes a brincadeira fica restrita ao círculo em que trabalham. Como toda regra tem exceção, o mineiro Getúlio Costa de Oliveira encaixa nela. Por causa da grande cabeça, maldosamente foi identificado como “GG da cara grande”.
Pelo mesmo motivo, sarcásticos boleiros do juvenil do Guarani tentaram apelidar o ex-volante Mauro Silva de Tulião. Não fosse a intermediação do então técnico da garotada, Pupo Gimenez, certamente Mauro Silva se consagraria como o volante Mauro Tulião no tetracampeonato mundial de futebol do Brasil, em 1994, nos Estados Unidos. Pupo havia pedido à imprensa campineira que identificasse o jogador pelo nome verdadeiro.
Por que Tulião? A princípio era Mauro Getulião, porque os boleiros traçavam semelhança entre as cabeças dos dois jogadores. Depois, optaram pela redução do apelido para Tulião por ser mais sonoro.
Getúlio chegou nas categorias de base do Atlético Mineiro com currículo de centroavante, em 1970. Dois anos depois, na Taça São Paulo de Futebol Júnior, o técnico Barbatana o deslocou à lateral-direita, considerando o bom passe e facilidade para bater na bola nos cruzamentos.
Essas virtudes sobrepunham os defeitos de Getúlio, um lateral tido como pesado, passadas lentas e dificuldade para enfrentar ponteiros-esquerdos rápidos. Por sorte, na maior parte da carreira raramente enfrentou ponteiros-esquerdos velozes. A maioria foi quarto homem de meio-de-campo.
Podem colocar quaisquer objeções ao futebol de Getúlio, mas o certo é que só jogou em grandes clubes brasileiros. No “Galo” atuou ao lado de Toninho Cerezo e Reinaldo. Em 1977, no São Paulo, sagrou-se campeão brasileiro justamente contra seu ex-clube, no Estádio do Mineirão, diante de 102.974 pagantes. Após empate sem gols, a definição deu-se através de cobrança de pênaltis e o Tricolor ganhou por 3 a 2, com Getúlio e Chicão perdendo pênaltis para o São Paulo.
O time base são-paulino era formado por Valdir Peres; Getúlio, Tecão, Bezerra e Antenor; Chicão, Teodoro e Daryo Pereira; Viana, Serginho Chulapa e Zé Sérgio. Jogadores como Estevam Soares - hoje treinador - e Mirandinha também integravam o elenco.
Nos oito anos de São Paulo, Getúlio marcou 34 gols, a maioria de pênaltis. E ao chegar ao Fluminense em 1984, mal sabia que amargaria a reserva do velocista Aldo, que incansavelmente levava a bola ao fundo de campo. O Fluminense foi campeão daquele Brasileirão, mesmo com a imprudência dos cartolas que demitiram o técnico Carbone - com o time na liderança - e contrataram Carlos Alberto Parreira.
Getúlio jogou na Seleção Brasileira, principalmente durante as Eliminatórias à Copa do Mundo de 1982. Por isso, não esconde a mágoa ao ter sido relegado pelo técnico Telê Santana àquele Mundial, na Espanha. Edvaldo, do Fluminense, foi no lugar dele.
O final de carreira foi nos Estados Unidos, no Hollywood Kikers de Los Angeles. Depois trabalhou como técnico nas categorias de base do Galo.
Pelo mesmo motivo, sarcásticos boleiros do juvenil do Guarani tentaram apelidar o ex-volante Mauro Silva de Tulião. Não fosse a intermediação do então técnico da garotada, Pupo Gimenez, certamente Mauro Silva se consagraria como o volante Mauro Tulião no tetracampeonato mundial de futebol do Brasil, em 1994, nos Estados Unidos. Pupo havia pedido à imprensa campineira que identificasse o jogador pelo nome verdadeiro.
Por que Tulião? A princípio era Mauro Getulião, porque os boleiros traçavam semelhança entre as cabeças dos dois jogadores. Depois, optaram pela redução do apelido para Tulião por ser mais sonoro.
Getúlio chegou nas categorias de base do Atlético Mineiro com currículo de centroavante, em 1970. Dois anos depois, na Taça São Paulo de Futebol Júnior, o técnico Barbatana o deslocou à lateral-direita, considerando o bom passe e facilidade para bater na bola nos cruzamentos.
Essas virtudes sobrepunham os defeitos de Getúlio, um lateral tido como pesado, passadas lentas e dificuldade para enfrentar ponteiros-esquerdos rápidos. Por sorte, na maior parte da carreira raramente enfrentou ponteiros-esquerdos velozes. A maioria foi quarto homem de meio-de-campo.
Podem colocar quaisquer objeções ao futebol de Getúlio, mas o certo é que só jogou em grandes clubes brasileiros. No “Galo” atuou ao lado de Toninho Cerezo e Reinaldo. Em 1977, no São Paulo, sagrou-se campeão brasileiro justamente contra seu ex-clube, no Estádio do Mineirão, diante de 102.974 pagantes. Após empate sem gols, a definição deu-se através de cobrança de pênaltis e o Tricolor ganhou por 3 a 2, com Getúlio e Chicão perdendo pênaltis para o São Paulo.
O time base são-paulino era formado por Valdir Peres; Getúlio, Tecão, Bezerra e Antenor; Chicão, Teodoro e Daryo Pereira; Viana, Serginho Chulapa e Zé Sérgio. Jogadores como Estevam Soares - hoje treinador - e Mirandinha também integravam o elenco.
Nos oito anos de São Paulo, Getúlio marcou 34 gols, a maioria de pênaltis. E ao chegar ao Fluminense em 1984, mal sabia que amargaria a reserva do velocista Aldo, que incansavelmente levava a bola ao fundo de campo. O Fluminense foi campeão daquele Brasileirão, mesmo com a imprudência dos cartolas que demitiram o técnico Carbone - com o time na liderança - e contrataram Carlos Alberto Parreira.
Getúlio jogou na Seleção Brasileira, principalmente durante as Eliminatórias à Copa do Mundo de 1982. Por isso, não esconde a mágoa ao ter sido relegado pelo técnico Telê Santana àquele Mundial, na Espanha. Edvaldo, do Fluminense, foi no lugar dele.
O final de carreira foi nos Estados Unidos, no Hollywood Kikers de Los Angeles. Depois trabalhou como técnico nas categorias de base do Galo.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Excursões e os dólares
Pelé, o atleta do século, sempre arrastou multidões aos estádios de todo planeta. Nas excursões do Santos ao exterior, entre os anos 50 e 70, a cota do clube era uma com a presença dele e outra fracionada sem ele. Em 1969, Pelé provocou trégua em uma guerra entre as facções civis Kinshara e Brazzavilei, no Congo Belga, na África. Todos queriam vê-lo em campo, mas o cessar-fogo foi negociado com a finalidade de não colocar em risco a delegação santista em dois jogos agendados pelo empresário francês Elias Zacour.
Naquele período, os grandes clubes brasileiros excursionavam a todos os continentes. Os cartolas justificavam o vaivém ao exterior, mesmo com campeonatos regionais em andamento, pela necessidade de buscar dólares para cobrir rombos nas finanças dos clubes ou servir de investimento no patrimônio.
Até a década de 90, com menos intensidade, os clubes ainda excursionavam. Todos os anos um deles participava do torneio quadrangular Ramon de Carranza, em Cardiz, na Espanha. O Vasco ganhou três vezes a competição, seguido por Flamengo duas, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Atlético Mineiro uma vez, em 1990, na vitória por 1 a 0 sobre o Santos.
A estreita ligação de dirigentes vascaínos com comandantes de clubes portugueses implicou em seguida programações de amistosos naquele país, mas foi o Flamengo, em 1951, quem praticamente abriu o mercado de exibições de clubes brasileiros na Europa. É que o time voltou invicto após dez partidas. Dez anos depois, coube ao Fluminense também realizar uma bem sucedida excursão ao velho mundo: nove vitórias e uma derrota.
O Cruzeiro foi outro clube bem relacionado com os portugueses. Curiosamente, o primeiro gol que Ronaldo “Fenômeno” marcou na equipe celeste foi na “terrinha”, contra o Belenense, na vitória por 2 a 0, em 1993, quando ele ainda completaria 17 anos de idade.
Desde a década de 60 o Cruzeiro tem um bom nome no exterior, e na ocasião os adversários exigiam a presença do atacante Tostão. Por isso, era comum a opção de um time misto com a inclusão do principal astro nas excursões, como em 1967 na América do Norte.
A exemplo do Santos com Pelé, o Botafogo (RJ) também tinha cota diferenciada quando levava o ponteiro-direito Mané Garrincha em sua agenda no exterior. Em 1963, em nove partidas na América do Sul, Garrincha jogou sete com o joelho inchado.
Clubes de menor expressão como Bangu (RJ) e Ferroviária (SP) também viajavam para fora do país. A mais longa excursão foi de 120 dias, em 1973, do ABC de Natal, que entrou no livro dos recordes (Guinness Book). Seu último jogo, em Uganda (AFR), rendeu-lhe a cota de U$ 3 mil, três vezes mais que o negociado nas partidas anteriores.
Nem todos os clubes eram bem sucedidos nas viagens. Havia empresários os abandonavam e os deixavam sem agenda e dinheiro para pagamento de despesas. Aí, o dirigente com jogo de cintura conseguia se virar.
Naquele período, os grandes clubes brasileiros excursionavam a todos os continentes. Os cartolas justificavam o vaivém ao exterior, mesmo com campeonatos regionais em andamento, pela necessidade de buscar dólares para cobrir rombos nas finanças dos clubes ou servir de investimento no patrimônio.
Até a década de 90, com menos intensidade, os clubes ainda excursionavam. Todos os anos um deles participava do torneio quadrangular Ramon de Carranza, em Cardiz, na Espanha. O Vasco ganhou três vezes a competição, seguido por Flamengo duas, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Atlético Mineiro uma vez, em 1990, na vitória por 1 a 0 sobre o Santos.
A estreita ligação de dirigentes vascaínos com comandantes de clubes portugueses implicou em seguida programações de amistosos naquele país, mas foi o Flamengo, em 1951, quem praticamente abriu o mercado de exibições de clubes brasileiros na Europa. É que o time voltou invicto após dez partidas. Dez anos depois, coube ao Fluminense também realizar uma bem sucedida excursão ao velho mundo: nove vitórias e uma derrota.
O Cruzeiro foi outro clube bem relacionado com os portugueses. Curiosamente, o primeiro gol que Ronaldo “Fenômeno” marcou na equipe celeste foi na “terrinha”, contra o Belenense, na vitória por 2 a 0, em 1993, quando ele ainda completaria 17 anos de idade.
Desde a década de 60 o Cruzeiro tem um bom nome no exterior, e na ocasião os adversários exigiam a presença do atacante Tostão. Por isso, era comum a opção de um time misto com a inclusão do principal astro nas excursões, como em 1967 na América do Norte.
A exemplo do Santos com Pelé, o Botafogo (RJ) também tinha cota diferenciada quando levava o ponteiro-direito Mané Garrincha em sua agenda no exterior. Em 1963, em nove partidas na América do Sul, Garrincha jogou sete com o joelho inchado.
Clubes de menor expressão como Bangu (RJ) e Ferroviária (SP) também viajavam para fora do país. A mais longa excursão foi de 120 dias, em 1973, do ABC de Natal, que entrou no livro dos recordes (Guinness Book). Seu último jogo, em Uganda (AFR), rendeu-lhe a cota de U$ 3 mil, três vezes mais que o negociado nas partidas anteriores.
Nem todos os clubes eram bem sucedidos nas viagens. Havia empresários os abandonavam e os deixavam sem agenda e dinheiro para pagamento de despesas. Aí, o dirigente com jogo de cintura conseguia se virar.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Novembro, o mês do Flamengo
Novembro é mês de festas para o Clube de Regatas Flamengo, cuja trajetória foi marcada inicialmente com atividade de regatas. O futebol só chegou em 1911, através de um grupo de nove jogadores dissidentes do Fluminense. No dia 15 o clube completa 119 anos de histórias, e os três últimos foram marcados por campanhas aceitáveis no Campeonato Brasileiro. Agora está entre os melhores, ano passado ficou em 5º lugar, e em 2007 só foi suplantado por São Paulo e Santos, contrastando com a 11ª colocação em 2006 e o inaceitável 15º lugar em 2005.
Novembro é mês especial para o Flamengo. Em 1981, no dia 23, ele comemorou o título da Libertadores da América, na batalha contra o Cobreloa, do Chile. Na primeira partida da final, no Estádio do Maracanã, ganhou por 2 a 1. O Cobreloa venceu a segunda por 1 a 0, no Estádio Nacional de Santiago, em jogo violento. O zagueiro Mario Sotto colocou uma pedra entre os dedos da mão e, covardemente, deu um soco no rosto do meia Adílio, que deixou o campo banhado de sangue.
No jogo extra, no Uruguai, o meia Zico comandou o Flamengo na vitória por 2 a 0, e a nação rubro-negra ficou com a alma lavada. É que o atacante Anselmo, que entrou em campo aos 42 minutos do 2º tempo, só queria vingar Adílio. E, ao se aproximar de Mario Sotto, descontou o soco, nocauteando o chileno. E nem esperou o juiz expulsá-lo. Correu para o vestiário. Semanas depois, o Flamengo conquistou o Mundial Interclubes em Tóquio, no Japão, com a goleada por 3 a 0 sobre o Liverpool, da Inglaterra.
É do Flamengo, também, o maior artilheiro de campeonatos cariocas. O atacante Sílvio Pirilo marcou 39 gols em 1941, ano em registrou-se uma das mais polêmicas decisões no Rio de Janeiro em Fla-Flu. Pirilo havia empatado faltando sete minutos para o final, o Fla tentava a virada em busca do tetra, mas o Fluminense adotava uma estratégia inusitada para sustentar o empate, que lhe daria o título no Estádio da Gávea: seus jogadores aproveitavam o muro baixo do campo para chutar a bola em direção à Lagoa Rodrigo de Freitas, ao lado. Como não havia bola para reposição, o jeito era buscá-la de barquinho, a remo. Assim, o Fluminense foi campeão na decisão conhecida como Fla-Flu da Lagoa.
O Flamengo é um clube tão singular que em 1970 o policial militar Valentim Alberto Cruz se esqueceu que estava de serviço e jogou o capacete para o alto durante comemoração do gol de empate do atacante Fio Maravilha, no empate em 1 a 1 com o Fluminense. Cruz saiu preso do Maracanã, mas feliz com o título da Taça Guanabara de seu rubro-negro. O soldado e os mais de 33 milhões de flamenguistas no País transformaram o Flamengo no clube mais querido.
Novembro é mês especial para o Flamengo. Em 1981, no dia 23, ele comemorou o título da Libertadores da América, na batalha contra o Cobreloa, do Chile. Na primeira partida da final, no Estádio do Maracanã, ganhou por 2 a 1. O Cobreloa venceu a segunda por 1 a 0, no Estádio Nacional de Santiago, em jogo violento. O zagueiro Mario Sotto colocou uma pedra entre os dedos da mão e, covardemente, deu um soco no rosto do meia Adílio, que deixou o campo banhado de sangue.
No jogo extra, no Uruguai, o meia Zico comandou o Flamengo na vitória por 2 a 0, e a nação rubro-negra ficou com a alma lavada. É que o atacante Anselmo, que entrou em campo aos 42 minutos do 2º tempo, só queria vingar Adílio. E, ao se aproximar de Mario Sotto, descontou o soco, nocauteando o chileno. E nem esperou o juiz expulsá-lo. Correu para o vestiário. Semanas depois, o Flamengo conquistou o Mundial Interclubes em Tóquio, no Japão, com a goleada por 3 a 0 sobre o Liverpool, da Inglaterra.
É do Flamengo, também, o maior artilheiro de campeonatos cariocas. O atacante Sílvio Pirilo marcou 39 gols em 1941, ano em registrou-se uma das mais polêmicas decisões no Rio de Janeiro em Fla-Flu. Pirilo havia empatado faltando sete minutos para o final, o Fla tentava a virada em busca do tetra, mas o Fluminense adotava uma estratégia inusitada para sustentar o empate, que lhe daria o título no Estádio da Gávea: seus jogadores aproveitavam o muro baixo do campo para chutar a bola em direção à Lagoa Rodrigo de Freitas, ao lado. Como não havia bola para reposição, o jeito era buscá-la de barquinho, a remo. Assim, o Fluminense foi campeão na decisão conhecida como Fla-Flu da Lagoa.
O Flamengo é um clube tão singular que em 1970 o policial militar Valentim Alberto Cruz se esqueceu que estava de serviço e jogou o capacete para o alto durante comemoração do gol de empate do atacante Fio Maravilha, no empate em 1 a 1 com o Fluminense. Cruz saiu preso do Maracanã, mas feliz com o título da Taça Guanabara de seu rubro-negro. O soldado e os mais de 33 milhões de flamenguistas no País transformaram o Flamengo no clube mais querido.
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