segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Van Basten: carreira curta

O holandês Marco Van Basten foi daqueles centroavantes que pedia bola mesmo marcado. Quando lançado, usava as pernas compridas para escondê-la do adversário, girava com rapidez, e tinha um chute forte. Conclusão: raramente passava uma partida sem fazer gols. Dos 280 jogos oficiais na carreira, balançou as redes 218 vezes.
Versátil, também sabia explorar seu 1,88m de altura, aliado à boa impulsão, para certeiras cabeçadas. Pena que essa rotina foi interrompida na iminência de completar 29 anos de idade. Cruéis zagueiros detonaram seus tornozelos e o período de dois anos para tentar se recuperar foi insuficiente. A dor insuportável resultou em andanças por consultórios ortopédicos e hospitais, sem que ocorresse a esperada cura.
Restou, portanto, programar a festa de despedida como atleta do Milan no dia 18 de agosto de 1995, no Estádio San Siro, em jogo contra a Juventus, presenciado por mais de 85 mil espectadores. Acabava ali uma carreira restrita a dois clubes e seleção de seu país.
A história de goleador teve início no Ajax, da Holanda, aos 17 anos de idade, onde foi tricampeão. Em 1986 marcou 37 gols em 26 jogos, foi laureado com a “Bola de Ouro da Europa”, e o Milan tratou de levá-lo à Itália, desembolsando 2,5 milhões de dólares ao clube holandês. Foi, até então, a maior transação de jogador de futebol do planeta.
O raciocínio de que investir em Van Basten era retorno garantido foi confirmado pelos milaneses. Como melhor jogador europeu em 1988, 1989 e 1992; e melhor do mundo em 1992, assanhou a torcida de seu clube e provocou retorno de bilheteria, através de estratégias de marketing e de cotas de contratos com emissoras de televisão para transmissão de jogos.
A seleção holandesa também desfrutou dos gols de Van Basten, um dos principais na vitória sobre a União Soviética por 2 a 0, em 1988, na conquista do título da Eurocopa. Naquele timaço, jogava ao lado de Ruud Gullit, Frank Rijkaard e Seedorf, entre outros.
Respeitado pelos cartolas da confederação de seu país, ganhou chance como treinador da seleção em 2004. E o reflexo do bom trabalho foi atestado durante a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, embora sua patota tenha sido eliminada por Portugal.
Ano passado, após derrota para a Rússia por 3 a 1, na prorrogação, em jogo válido pela Eurocopa, na Suíça, Van Basten deixou o comando do selecionado. Na sequência topou treinar o Ajax, não alcançou os resultados esperados, e deixou o clube em maio passado.
Por fim, quis o destino que um fato trágico revelasse a influência de Van Basten entre brasileiros. Um menino de 12 anos, registrado com o seu nome, morreu em decorrência de hemorragia após perfuração do pulmão esquerdo. O garoto foi atingido acidentalmente por fogos de artifícios horas antes do réveillon de 2003, na região metropolitana de Recife (PE).
ariovaldo-izac@ig.com.br

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