segunda-feira, 2 de março de 2009

23 anos sem Tupãzinho

Por Élcio Paiola (interino)

Há seis anos o jornalista Ariovaldo Izac, que está afastado, homenageou neste espaço o talentoso atacante Tupãzinho, morto no dia 16 de fevereiro de 1986, aos 46 anos de idade. Como Tupã foi um dos astros no período de “academia de futebol” do Palmeiras, na década de 60, decidimos recapitular o artigo.
Quando a convocação para se respeitar “um minuto de silêncio” em estádios de futebol era levada a sério, locutores de serviço de alto-falante de campos brasileiros lembraram a morte de Tupãzinho, decorrente de aneurisma cerebral.
Naquele tempo, aquela homenagem póstuma recomendava que todos presentes aos estádios ficassem de pé para reverenciar a alma do ente querido que se foi.
No caso específico de José Ernanes da Rosa, o Tupãzinho, quem teve o prazer de vê-lo jogando naturalmente pôde testemunhar o papel preponderante que desempenhou naquele lendário time palmeirense de Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Geraldo Scotto; Dudu e Ademir da Guia; Gildo, Servilho, Tupãzinho e Rinaldo. Ferrari, Ademar Pantera e Julinho eram reservas.
Tupãzinho era uma meia atrevido, que partia com bola dominada sobre o adversário e o aterrorizava. Era um exímio cobrador de faltas e gostava de arriscar chutes fortes, com sua canhota, de fora da área. De certo, o palmeirense da nova geração desconhece que o atacante chegou a cravar seu nome na história do clube, na Copa Libertadores da América, como o maior artilheiro: 11 gols em 1968.
Tupã, que nasceu em Bagé - interior do Rio Grande do Sul - foi contratado pelo Palmeiras como meia-esquerda, mas na dele jogava Ademir da Guia, recém contratado do Bangu (RJ). Ademir, o “Divino”, jogava muita bola e fazia a torcida esquecer o gaúcho Chinesinho, que os cartolas haviam negociado com a Fiorentina da Itália. O jeito, então, foi adiantar Tupãzinho, que passou a se revezar com o meia Servilho na função de centroavante. Às vezes, com a entrada do atacante Ademar Pantera, Tupã era deslocado para a ponta-esquerda, posição que detestava. Num jogo contra o Guarani, se irritou ao tomar um chapéu do lateral-direito Osvaldo Cunha e descontou com dois dribles desconcertantes e um belo gol. Aí, irado, foi à forra e insultou a torcida palmeirense que pegava em seu pé.
Em 1969, trocava o dia pela noite, era avesso aos treinos e o diretor de futebol do Palmeiras, Gimenez Lopes, decidiu trocá-lo pelo lateral-esquerdo Zeca, do Grêmio. Em Porto Alegre, Tupãzinho jamais justificou a contratação. Pior ainda quando ainda quis jogar no Nacional de Manaus. Aí, inapelavelmente, teve de encerrar a carreira.
Tupã voltou a morar em São Paulo e se fixou na região do Jardim Campos Elíseos. E na roda de amigos sempre lembrava a chegada ao Parque Antártica, sem os dentes da frente, o que resultou no apelido de 1001. Por que 1001? Simples. O quarteto defensivo de sua boca jogava desfalcado dos zagueiros de áreas, e o “time” se defendia só com os laterais.
Deu pra entender o trocadilho? Não? Saiba, então, que Tupã teve de colocar uma ponte móvel na boca. E esse gaúcho morreu pobre, todavia orgulhoso de ter escrito uma bonita história no futebol.

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