segunda-feira, 23 de março de 2009

Zetti, exemplo de superação

Por Élcio Paiola (interino)

No texto intitulado “Zetti, exemplo de superação”, publicado em abril de 2006, foi citado na coluna que o técnico Roberto Lazaretti havia dispensado o então goleiro Zetti do time de juniores do Guarani. Na realidade, a decisão foi tomada por outro comandante.
Feito a devida correção, convém, então, reproduzir a coluna da época.
Zetti ainda não decolou na carreira de treinador de futebol, mas, considerando-se a trajetória de superação nos tempos de goleiro, pode-se projetar que ingresse oportunamente no seleto grupo de elite. Armelindo Donizetti Quagliato, que em janeiro completou 44 anos de idade, é um exemplo de perseverança, um insaciável pelo aprimoramento. Não fosse isso, teria esmorecido ao ser dispensado do juvenil do Guarani em 1983. Zetti tinha propensão para engordar e não mantinha regularidade.
Assim, quando buscou nova chance, nos juniores do Palmeiras, naquele mesmo ano treinava exaustivamente para aprimorar a forma. O Palmeiras apostou em seu futuro e não relutou em emprestá-lo ao Toledo (PR), para que cumprisse um estágio nos juniores e tivesse rápida ascensão ao profissionalismo. Três anos no futebol paranaense foram suficientes para que ganhasse maturidade, habilitando-se à condição de titular do Palmeiras.
Zetti foi fixado na equipe principal do Verdão em 1987, ao barrar Martorelli. E tudo ia bem naquela temporada, pois ficou 1.283 minutos sem sofrer um gol sequer. Por isso, jamais imaginou que naquele mesmo ano se transformasse em vilão na final do Campeonato Paulista contra o São Paulo, quando as “penas voaram” no terceiro gol são-paulino, marcado pelo ex-meia Neto, num chute de longa distância. A bola, que passou entre as suas pernas, provocou irritação da torcida palmeirense, que viu o adversário comemorar o título com a goleada por 3 a 0.

Zetti passou por outras provações no Palmeiras, uma delas em 1988 quando sofreu fratura de tíbia e fíbula, após disputa de bola com o ex-atacante Bebeto. O acidente resultou em afastamento do futebol por oito meses e, no retorno, foi relegado pelo técnico Emerson Leão, na época também comandante do Verdão.
Veloso, em boa forma, era o goleiro preferido de Leão, e Ivan o reserva imediato. Zetti ficou como terceiro goleiro e, insatisfeito, pediu para ser negociado.
O São Paulo o acolheu e, acostumado a desafios, se entregou ao trabalho, recuperou a boa forma, e tomou o lugar de Gilmar Grimaldi em 1990. A partir daí foi uma sucessão de títulos: paulista, Libertadores, Mundial interclubes e tetracampeão na Copa do Mundo de 1994, na reserva de Taffarel.
A rigor, foi defendendo a Seleção Brasileira, em jogo na Bolívia, válido pelas Eliminatórias à Copa, que passou grande susto. Quando se submeteu ao teste de antidoping, sobre uso de cocaína, o resultado foi positivo. Aí, a Fifa o suspendeu preventivamente por quatro dias, até que a CBF explicasse que ele havia ingerido o chá de coca, bebida comum na Bolívia.
Em 1997, Zetti jogou no Santos e três anos depois defendeu o Fluminense. Ainda passou por União Barbarense (SP) e Sport Recife (PE), quando decidiu trocar a função de comandado pela de comandante dos juniores do São Paulo.
Em 2003, na primeira experiência como técnico de equipe profissional, Zetti superou as expectativas ao levar o Paulista de Jundiaí (SP) ao vice-campeonato regional. Teve chances ao dirigir Ponte, Guarani, São Caetano (SP), e Fortaleza e Ituano (SP), mas ainda não se firmou na nova profissão. E, como sempre, não esmorece.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Gonçalves, dois jogos em Mundiais

Por Élcio Paiola (interino)

Nas Eliminatórias Européia de Futebol à Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, a Noruega é um fiasco. No único grupo integrado por cinco clubes está na última colocação com dois pontos - empates com Escócia e Islândia em 0 a 0 e 2 a 2, respectivamente -, e derrota em casa, em Oslo, para a Holanda por 1 a 0. Novidade? Nenhuma. Afinal, a Noruega é uma seleção de futebol sem tradição no cenário mundial, e certamente não conseguirá uma das 13 vagas destinadas aos europeus, que se dividem em nove grupos com 53 países, e brigam por 13 vagas.
Convém lembrar que esta Noruega pregou uma grande surpresa na Seleção Brasileira na primeira fase da Copa do Mundo de 1998, ao derrotá-la por 2 a 1, gols Andre Flo e Rekdal, de pênalti, enquanto Bebeto marcou para o Brasil. Ainda bem que aquela derrota não afetou a trajetória da equipe do técnico Mário Jorge Lobo Zagallo, que chegou à final e perdeu para a França por 3 a 0. E aquele jogo contra a Noruega marcou a estréia do zagueiro Gonçalves em Mundiais. Ele entrou no lugar de Aldair, contundido, num time formado por Taffarel; Cafu, Júnior Baiano, Gonçalves e Roberto Carlos; César Sampaio, Dunga, Leonardo e Rivaldo; Bebeto e Ronaldo.
Ainda naquela competição, Gonçalves entrou no transcorrer da partida contra o Chile, novamente no lugar de Aldair. Na goleada por 4 a 1, dois gols foram de César Sampaio e dois de Ronaldo. O jogo marcou a despedida de Gonçalves do selecionado, após dois anos seguidos entre os relacionados. Durante o período marcou um gol.
Zagallo deixou o cargo e a nova comissão técnica optou por reestruturação gradual. Com isso, jogadores como Gonçalves, o lateral-direito Zé Carlos e volante Doriva - ambos ex-jogadores do São Paulo - e o goleiro Carlos Germano, ex-Vasco e Santos, foram relegados.
A carreira de Gonçalves teve continuidade em clubes. Ficou no Botafogo (RJ) até o final daquele ano e, na temporada seguinte, jogou no Inter (RS), onde encerrou a carreira iniciada no Flamengo em 28 de janeiro de 1987, na derrota para o Santa Cruz (PE) por 1 a 0.
Nos oito meses de Flamengo, Gonçalves mostrou que era um zagueiro seguro, pautava pela boa colocação em campo e antecipação nas jogadas. Apesar da estatura mediana - 1,78m de altura - tinha boa impulsão e não cometia erros crassos no jogo aéreo. Naquele período marcou três gols no time rubro-negro.
Esse carioca que no último dia 22 de fevereiro completou 43 anos de idade transferiu-se do Flamengo para o Santa Cruz (PE), e em 1989 foi integrado ao elenco do Botafogo (RJ). Devido à regularidade, naquele mesmo ano foi levado para defender o Universidad Guadalajara do México, onde ficou até 1995, ano em que retornou ao Botafogo.
E a volta não poderia ter sido melhor. Foi campeão brasileiro após vitória sobre o Santos por 2 a 1 no Estádio do Maracanã, e empate em 1 a 1 no Estádio do Pacaembu, num jogo em que os santistas contestaram a arbitragem de Márcio Rezende de Freitas.
Na época, o time botafoguense contava com Wagner; Wilson Goiano, Gonçalves, Gotardo e André Silva (Iranildo); Leandro, Jamir, Beto e Sérgio Manoel; Donizete (Moisés) e Túlio Maravilha. O técnico era Paulo Autuori.
Marcelo Gonçalves Costa Lopes ainda jogou no Cruzeiro, está radicado no Rio de Janeiro e atua como empresário de futebol, com livre trânsito entre os mexicanos.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Os Limas do futebol

Por Élcio Paiola (interino)


Nas habituais caminhadas pela orla baiana de Salvador, ao amanhecer, durante os últimos festejos de Momo, o ex-meia Edu Lima flagrou dezenas de foliões dormindo em praças, ruas, jardins e areia de praias. Munido de sua inseparável máquina fotográfica, registrou imagens daquelas pessoas dominadas pelo cansaço, após mais uma noite de farra, e transportou-as para o seu site oficial.
Convém citar que Edu Lima colocou em prática sua vocação na área de jornalística. Sempre teve facilidade para se comunicar, e por isso já comentou futebol em rádios da Bahia. Ele também zela pela freqüente atualização de seu site, cujo endereço é www.edilima.com.br/blog/.
Claro que o enfoque principal no site é sobre futebol, com análise dos jogos dos principais clubes do País. De vez em quando, o titular da página eletrônica abre espaço para convidados opinarem sobre outros assuntos, como uma atraente crônica sobre o Dia Internacional da Mulher. A rigor, a formação jornalística permite que Edu Lima também opine sobre outros temas e ele igualmente sabe ilustrá-los com boa escolha de imagens.
Apesar da veia jornalística, o sonho de Edu Lima é ser reconhecido como treinador de futebol, e uma das experiências foi no Fluminense de Feira de Santana (BA), onde procurou colocar em prática o muito que aprendeu na bola nas passagens como atleta por Vitória (BA), Bahia, Inter (RS), Palmeiras, Atlético (MG), Guarani e Flamengo. Já foi observador e técnico das categorias de base do Cruzeiro.
Como se vê, uma “enxurrada” de Limas está espalhada no futebol, ultimamente adotando nome composto para facilitar a identificação. O São Paulo conta com o atacante André Lima, reserva de Borges e Washington. O lateral-direito Ânderson Lima, marcado por ter sido um exímio cobrador de faltas, ainda se considera um atleta resistente e foi jogar na Chapecoense, interior de Santa Catarina. Ele teve passagens marcantes por São Caetano, Grêmio, São Paulo, Santos, Guarani e Bragantino pela facilidade para levar a bola ao ataque, e agora optou pelo deslocamento à zaga central.
Dos Limas, o mais famoso jogou no grande Santos da década de 60, após ter sido revelado pelo Juventus (SP). Pelo que se tem conhecimento, foi o único coringa escalado em todas as posições, exceto a de goleiro, e as desempenhava muito bem. Com a mesma facilidade que desarmava adversários, também sabia driblá-los usando a sua habilidade.
Outro se que se identificou apenas como Lima foi o centroavante Adesvaldo José de Lima, um sul-mato-grossense de Camapuã, nascido no dia 17 de setembro de 1962. Os gols que marcou no Operário (MS) despertaram interesse do Corinthians, que o contratou em 1984. E, das 74 partidas que disputou pelo Timão, marcou 36 gols. Depois jogou no Santos, Náutico, Grêmio, Inter (RS), Benfica de Portugal, América (RJ), Cerro Portenho do Paraguai, Vitória (BA), Farroupilha e Pelotas, onde encerrou a carreira e fixou moradia. Ele foi o típico centroavante que só rondava a área adversária a espera dos lançamentos.
Uma das melhores fases de Lima foi no Grêmio, quando jogou ao lado dos meias Valdo e Cuca, que se fixou como treinador de futebol. O goleiro Mazaroppi também participou daquele time que conquistou o campeonato estadual nos anos 86/87.
A propósito, você sabe a origem do sobrenome Lima? Deriva de Limia, nome pré romano que significa esquecimento, nome de um rio de Portugal. Lima também é nome de fruta e da capital do Peru.

segunda-feira, 2 de março de 2009

23 anos sem Tupãzinho

Por Élcio Paiola (interino)

Há seis anos o jornalista Ariovaldo Izac, que está afastado, homenageou neste espaço o talentoso atacante Tupãzinho, morto no dia 16 de fevereiro de 1986, aos 46 anos de idade. Como Tupã foi um dos astros no período de “academia de futebol” do Palmeiras, na década de 60, decidimos recapitular o artigo.
Quando a convocação para se respeitar “um minuto de silêncio” em estádios de futebol era levada a sério, locutores de serviço de alto-falante de campos brasileiros lembraram a morte de Tupãzinho, decorrente de aneurisma cerebral.
Naquele tempo, aquela homenagem póstuma recomendava que todos presentes aos estádios ficassem de pé para reverenciar a alma do ente querido que se foi.
No caso específico de José Ernanes da Rosa, o Tupãzinho, quem teve o prazer de vê-lo jogando naturalmente pôde testemunhar o papel preponderante que desempenhou naquele lendário time palmeirense de Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Geraldo Scotto; Dudu e Ademir da Guia; Gildo, Servilho, Tupãzinho e Rinaldo. Ferrari, Ademar Pantera e Julinho eram reservas.
Tupãzinho era uma meia atrevido, que partia com bola dominada sobre o adversário e o aterrorizava. Era um exímio cobrador de faltas e gostava de arriscar chutes fortes, com sua canhota, de fora da área. De certo, o palmeirense da nova geração desconhece que o atacante chegou a cravar seu nome na história do clube, na Copa Libertadores da América, como o maior artilheiro: 11 gols em 1968.
Tupã, que nasceu em Bagé - interior do Rio Grande do Sul - foi contratado pelo Palmeiras como meia-esquerda, mas na dele jogava Ademir da Guia, recém contratado do Bangu (RJ). Ademir, o “Divino”, jogava muita bola e fazia a torcida esquecer o gaúcho Chinesinho, que os cartolas haviam negociado com a Fiorentina da Itália. O jeito, então, foi adiantar Tupãzinho, que passou a se revezar com o meia Servilho na função de centroavante. Às vezes, com a entrada do atacante Ademar Pantera, Tupã era deslocado para a ponta-esquerda, posição que detestava. Num jogo contra o Guarani, se irritou ao tomar um chapéu do lateral-direito Osvaldo Cunha e descontou com dois dribles desconcertantes e um belo gol. Aí, irado, foi à forra e insultou a torcida palmeirense que pegava em seu pé.
Em 1969, trocava o dia pela noite, era avesso aos treinos e o diretor de futebol do Palmeiras, Gimenez Lopes, decidiu trocá-lo pelo lateral-esquerdo Zeca, do Grêmio. Em Porto Alegre, Tupãzinho jamais justificou a contratação. Pior ainda quando ainda quis jogar no Nacional de Manaus. Aí, inapelavelmente, teve de encerrar a carreira.
Tupã voltou a morar em São Paulo e se fixou na região do Jardim Campos Elíseos. E na roda de amigos sempre lembrava a chegada ao Parque Antártica, sem os dentes da frente, o que resultou no apelido de 1001. Por que 1001? Simples. O quarteto defensivo de sua boca jogava desfalcado dos zagueiros de áreas, e o “time” se defendia só com os laterais.
Deu pra entender o trocadilho? Não? Saiba, então, que Tupã teve de colocar uma ponte móvel na boca. E esse gaúcho morreu pobre, todavia orgulhoso de ter escrito uma bonita história no futebol.