segunda-feira, 24 de junho de 2024

Grafite, história de grande centroavante e destaque como analista

 Dos ex-atletas de futebol, hoje comentaristas de televisão, o então centroavante Grafite, vinculado aos canais SporTV e Premiere, é caracterizado pela pronta leitura de jogo, e nem por isso é um esnobador, como alguns arrogantes colegas do meio, que elucubram sobre mexidas em 'peças do tabuleiro', e tentam persuadir incautos.

Discretamente, Grafite cita aquilo que precisa ser falado, assim como foi a trajetória dele enquanto atacante com frieza para enfrentar goleiros com quaisquer dos pés. Além disso, também convencia no jogo aéreo, ao explorar a estatura de 1,89 m de altura, aliava à privilegiada impulsão para cabeceio na bola em direção do gol.

Foi assim por onde passou, fruto da consciência do tempo exato de bola quer para o arremate de primeira, quer pela paciência para ajeitá-la, visando a melhor definição do chute. Além disso, pautava a sua atuação com arranques, dribles e sabia fazer a chamada 'parede' para ajeitar bola, visando finalizações de companheiros.

Nascido em Jundiaí (SP), em 1979, Edinaldo Batista Libânio foi apelidado como Grafite pelo treinador Estevam Soares, com justificativa de semelhanças físicas de Edinaldo, ex-jogador do Independente Futebol Clube. A carreira de Grafite foi iniciada na Matonense em 1988, com prosseguimento por 19 anos na Ferroviária, Santa Cruz, Grêmio, Seoul da Coréia do Sul, Goiás, até que em 2004 o futebol dele se consolidou no São Paulo, ao lado do também atacante Luís Fabiano, tornando-se o artilheiro naquela temporada com 26 gols.

No jogo pela Libertadores contra o Quilmes, da Argentina, foi expulso após dividida com o zagueiro Leandro Desábato, com desdobramento de ofensa do adversário, que usou expressão de cunho racista. E ao deixar o Tricolor, foi-lhe aberto o mercado internacional, com passagens por Le Mans da França, Wolfsburg da Alemanha - com conquista do inédito título nacional em 2009, quando marcou 28 gols. Depois ainda jogou durante sete anos no Al-Ahli da Arábia Saudita.

No retorno ao Brasil, ainda passou por Santa Cruz (PE), Athetico Paranaense e Matonense. E por duas vezes esteve convocado à Seleção Brasileira, participando da Copa do Mundo da África do Sul em 2010, quando ingenuamente revelou ter se surpreendido pelo chamado, citando que o correto seria o centroavante Adriano ter sido chamado.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Dez anos sem o lendário goleiro Oberdan

Palmeiras sempre foi clube marcado por goleiros de qualidade, três deles com marcantes passagens pela Seleção Brasileiro: Emerson Leão na década de 70; Marcos, nos anos 90 e início da primeira década do século; e o lendário Oberdan Cattani, lembrado neste 20 de junho como data que marca o décimo ano da morte dele, quando tinha 95 anos de idade, e registrou passagem pelo clube como absoluto na meta no período de 1941 a 1954, quando o distintivo era caracterizado apenas pelo P maiúsculo.

Se a regularidade levou Emerson Leão à Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970, foi titular absoluto nas edições de 1974 e 1978. Marcos Roberto Silveira Reis, o ovacionado Marcos, vindo da Lençoense, foi vinculado ao no clube a partir de 1992, e dez anos depois foi pentacampeão do selecionado em competição dividida entre Japão e Coréia do Sul.

Em 1942, Oberdan viu o então presidente da República do Brasil, Getúlio Vargas, exigir que o antigo Palestra trocasse de nome para Palmeiras, porque nosso país e Itália estiveram em lados opostos por ocasião da Segunda Guerra Mundial. À época ele já era reconhecido pela elasticidade e boa colocação, virtudes que o conduziram à Seleção Brasileira, no vice-campeonato Sul-Americano de 1945 - atrás da Argentina -, ao lado de renomados jogadores como os meias Zizinho e Jair da Rosa Pinto, o zagueiro Domingos da Guia e o centroavante Ademir de Menezes, o Queixada.

Oberdan foi reverência no Palmeiras, embora antigos conselheiros tenham torcido o nariz pelo fato dele ter optado pelo encerramento da carreira no Juventus. A justificativa pela troca foram críticas recebidas por torcedores do clube que o consideraram velho para se manter absoluto na posição.

Ele abriu a história de quatro inesquecíveis goleiros do Palmeiras. Em 1958 chegou ao clube o gaúcho Valdir Joaquim de Moraes, igualmente com virtudes de boa colocação e elasticidade. Não fosse isso jamais sobreviria no futebol com apenas 1,70m de altura, estatura jamais permitida para a posição na atualidade. Valdir, que jogou no Palmeiras até 1969, participou da era ‘Academia do Futebol’ entre 1964 e 1966, numa defesa formada por Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Ferrari. E quando encerrou a carreira de jogador criou a função de preparador de goleiros no próprio Palmeiras, nos anos 70.

domingo, 9 de junho de 2024

Aílton Lira, história de um exímio cobrador de faltas

Sabe aquele lance de falta nas proximidades da área adversária, quando locutores de futebol diziam que 'dali é meio gol'? Alguns o repetem hoje ignorando que o bordão tinha validade décadas passadas, marcadas por exímios cobradores. Hoje, esses lances foram banalizados, pois o atleta sequer se constrange em colocar a bola bem longe do alvo, ou bloqueada pela barreira.

Três motivos explicam o desperdício dos tais lances: já não se tem cobradores com a especialidade do ex-meia Ailton Lira; atletas já não se interessam para estender o período normal de treinamentos, a fim de se especializarem no quesito; e paradoxalmente os tais fisiologistas proíbem terminantemente esse exercício de aperfeiçoamento que, outrora, se estendia até o anoitecer.

Há quem cite o discutível argumento dos fisiologistas de o atleta forçar a musculatura com a repetição das cobranças, e isso provocar lesões. Ainda bem que nos tempos de atleta de Aílton Lira havia incentivo de treinadores para o aprimoramento das cobranças de faltas, que faziam uso das barreiras móveis de madeira, na busca da perfeição em cobrança.

Com isso, Ailton Lira juntava à dádiva natural de bater na bola à persistência nos exercícios, para marcar a carreira com gols mais em cobranças de faltas do que situações naturais. E a história dele no futebol começou quando o saudoso treinador Zé Duarte o descobriu no futebol amador de Araras e o trouxe ao juvenil da Ponte Preta em 1966. Todavia, após a profissionalização, o espaço foi encurtado na equipe principal, porque a concorrência era com ninguém menos que o mestre Dicá. Assim, só pôde ser fixado com a saída do titular na metade de 1972, transferido em definitivo à Portuguesa, após rápido empréstimo ao Santos.

Quis o destino que o mesmo Zé Duarte, o ingressar no Santos em 1976, o levasse ao clube num time formado por Wilson Quiqueto; Tuca, Vicente, Bianchi e Fernando; Carlos Roberto e Ailton Lira; Manoel Maria, Tata e Toizinho e Edu. Daí, transferiu-se ao São Paulo em 1980, onde ficou por dois anos, transferindo-se ao Al Nasser, da Arábia Saudita.

No regresso ao Brasil em 1982, passou por Guarani, União São João de Araras, Comercial (SP), Portuguesa Santista e Itumbiara (GO). Depois, ainda tentou ser treinador em categorias de base e, em seguida, algumas passagens em equipes profissionais, porém sem prosperar. 




domingo, 2 de junho de 2024

Adeus ao ex-zagueiro Amaral

A morte do extraordinário zagueiro Amaral, titular da Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1978, na Argentina, remete à discussão da brutal mudança de postura de quem atua na posição, atualmente. Se ele tinha a dávida de desarmar adversários raramente recorrendo às faltas, parte significativa da nova geração não consegue ter o tempo de bola para a precisa antecipação, e abusa do chutão para o lado que o nariz está virado.

O campineiro João Justino Amaral dos Santos, vitimado por um câncer no pulmão, morreu no último 31 de maio, na capital paulista, aos 69 anos de idade. Com o apelido de Feijão, chegou para treinar no juvenil do Guarani em 1970, e já no ano seguinte integrava a equipe principal, aos 16 anos de idade, em equipe comandada pelo saudoso treinador Armando Renganeschi com essa formação: Tobias; Oswaldo Cunha, Amaral, Alemão e Wilson Campos; Chico Cagnani e Zé Ito; Jorge, Ladeira (Washington), Eli Carlos e Caravetti.

A história dele no Guarani se prolongou por oito anos, com registro de fato curioso em 1972, durante excursão do clube por França, Turquia, Romênia, Grécia, Kuwait e finalmente Irã, quando o saudoso treinador Zé Duarte não titubeou em improvisá-lo de centroavante, na ausência do lesionado Clayton - titular da posição -, no jogo contra o Ice Palace do Irã, em goleada bugrina por 4 a 1, quando ele marcou dois gols.

Em 1978 Amaral se transferiu ao Corinthians e participou da conquista do título paulista de 1979, em compartimento defensivo com Jairo; Zé Maria, Mauro, Amaral e Vladimir. Lesões no joelho, que exigiram cirurgia de menisco, o deixaram longo período fora da equipe. Recuperado, havia pedido espaço e foi negociado com o Santos. Ele ainda atuou no futebol mexicano pelo Club América e Leones Negros até 1986. No retorno ao Brasil, ainda atuou no Blumenau (SC) e Caldense (MG). Depois, ajudou no intercâmbio de jogadores brasileiros ao México.

Quis o destino que o falecimento de Amaral ocorresse justamente no aniversário de 71 anos do Estádio Brinco de Ouro, palco da conquista do título do Guarani na final do Brasileirão de 1978 contra o Palmeiras, vice-campeonato da mesma competição na finalíssima diante do São Paulo em 1986, semifinal contra o Flamengo quatro anos antes, com recorde de público no estádio, de 52.002 pagantes, e vice-campeonato paulista de 1988, contra o Corinthians.