segunda-feira, 14 de janeiro de 2013


 
Márcio Rossini, um grosso na Seleção Brasileira

 
 Em 1983 era natural repórteres opinarem em texto basicamente informativos, e o jornalista Marco Aurélio Borges, da revista Placar, não hesitou em chamar o zagueiro santista Márcio Rossini de grosso quando Carlos Alberto Parreira era treinador da Seleção Brasileira e convocou o jogador para um giro à Europa.

 Trecho daquela reportagem citava que ‘nem entre os mais fanáticos não faltam aqueles que estranharam a chamada de um zagueiro grosso e violento, como Márcio, e de outro ‘presepeiro’ e mascarado, como Toninho Carlos.

 Rossini grosso? Não era o que falava na época o treinador Chico Formiga - já falecido: “O Márcio me lembra o Belini. Só que um pouco mais ágil. Ele tem a mesma garra, mesma impulsão e mesma personalidade de líder”, exagerava.

 Empolgado com a convocação ao selecionado, Márcio Rossini deixou a humildade de lado e partiu para o auto-elogio: “Acho que a Seleção precisava de alguém que jogasse sem medo de arrepiar quando necessário. Sempre soube que seria o titular”, comentou o zagueiro, na época calejado pelas passagens nas seleções das categorias de base no Sul-Americano no Uruguai em 1978 e Pré-Olímpico no ano seguinte, na Colômbia.

 E quem projetasse que Márcio Rossini decepcionasse naquela excursão ao velho mundo se surpreendeu ao vê-lo marcando até gol contra a Suécia no empate por 3 a 3. Em 1983 o jogador de 1,82m de altura tinha 23 anos e pesava 78 quilos.

 A melhor definição sobre as características do mariliense Márcio Antonio Rossini era uma cópia melhorada do zagueiro Moisés, do Bangu, que não hesitava em deixar marcas das traves das chuteiras em canelas de adversários.

 Na época era comum treinadores irresponsavelmente recomendarem a zagueiros para que batessem da medalhinha pra cima, ou então bordões do tipo ‘passa a bola, mas não passa o adversário’, e ‘é bola ou bolim’.

 Márcio Rossini nem precisava ouvir essas asneiras ou se mirar em jogadores do estilo carniceiro como o também zagueiro Pinheirense - ex-Botafogo (SP), Ferroviária e Náutico - , já falecido, que além de bater zombava de atacantes adversários. “Não vem não. Vai jogar de armandinho”, era o recado de Pinheirense a adversários.

 A característica de zagueiro viril, que chegava à jogada para não perder viagem, era nata de Rossini. Por vezes aplicava pernadas típicas de cartões vermelhos.

 Em 1986 Moisés já havia assumido o comando técnico do Bangu e fez questão de pedir a contratação de um zagueiro que lembrasse o seu estilo. Por isso, quando Márcio Rossini foi contratado e se apresentou no Estádio Moça Bonita, o comandante e não se conteve: “É loiro, alto, forte e mau”, exclamou. “Sou eu”.

 Márcio Rossini ficou três anos no Bangu, com histórico de 138 partidas, dois gols e quatro expulsões. A fama de beque malvado ficou mais acentuada quando foi jogar no Flamengo.

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