domingo, 19 de maio de 2024

Adeus ao melhor narrador esportivo de televisão

A morte do narrador de futebol Sílvio Luiz, que integrava a equipe de transmissão da TV Record, por canal digital, no último 16 de maio, ganhou grande repercussão, o que mostra o prestígio mantido após décadas de atuação em veículos de comunicação. Ele tinha 89 anos e havia sofrido mal-estar quando narrava a final do Paulistão entre Palmeiras e Santos.

O grande legado dele foi desconsiderado pelas gerações que narradores que passaram a atuar no meio: não brigar com as imagens e jamais subestimar aquilo que o telespectador vê quando a bola rola. Se o lance terminava com tiro de meta, pra que fazer uso da fala sobre aquilo que todos viram?

Se o futebol é divertimento, Sílvio Luiz usava o bom humor caracterizado em seus incontáveis bordões. Como recomenda o figurino, caracterizava as narrações identificando o atleta de posse de bola, colocava empolgação em lances fatais, sem que fosse necessário o característico grito de gol de narradores. Por ter atuado como árbitro, na década de 60, destrinchava como poucos dúvidas em lances das regras e interpretativos.

Nos anos 80, Sílvio Luiz estava no auge como locutor esportivo de televisão, mas a TV Record estava excluída das transmissões dos jogos da Copa do Mundo na Espanha, em 1982, porque a TV Globo havia comprado com exclusividade os direitos da transmissão do evento. Foi aí que o criativo Sílvio Luiz desafiou a concorrente direta e, juntamente com a direção do grupo Record, idealizou usar o rádio da emissora para transmissão dos jogos no mesmo formato da televisão, porém propagando ao público desportista que usasse imagens da TV e som da Rádio Record.

Foi o período que ele criou o programa 'Clube dos Artistas' na TV Record, exibido às terças-feiras, com duas horas de duração. À época, cada integrante da equipe esportiva da emissora só participava da programação desde que trouxesse um convidado, independentemente que fosse dos meios do futebol. E ali as entrevistas transcorriam em clima de descontração, com posse transitória do troféu cavalinho ao membro da equipe que fizesse pergunta desconexa ou falasse alguma bobagem. E o repasse do troféu era feito sintomaticamente quando alguém 'pisava na bola'.

Sílvio Luiz parte para outro planeta e deixa um histórico, além de narrador, de ator, produtor, diretor e árbitro de futebol.


 


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